DESCANSO PARA LOUCURA: Coletânea de Poesias - APSEF - ano 2006

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sábado, 2 de fevereiro de 2013

Coletânea de Poesias - APSEF - ano 2006

1º lugar

QUANDO ENVELHECER
Ana Célia Basílio N. do Rego - PI

Quando envelhecer
Vou usar roupas longas
E batom vermelho
Vou amarrar o cabelo
Com um lenço amarelo
E saí por aí...

Vou tomar vinho tinto
Na hora de dormir
Vou sentar nos bancos das praças
Conversar com quem passa
E aprender a mentir...

Vou gastar meus proventos
Tomando sorvete com amendoim
Vou tocar bandolim
E aprender a tocar flauta
Vou devorar as ofertas em "alta"...

Enfim,
Vou correr na chuva
Pela Frei Serafim
E após deita-me
Em seus belos jardins...
Ah!
Seria melhor tentar
Um pouco, agora,
Para não chocar os outros

Quando me virem
De roupa longa,
Batom vermelho,
Lenço amarelo nos cabelos,
Tomando sorvete com amendoim
E tocando bandolim
Nos imensos jardins
Da Frei Serafim.


2º lugar

CANDANGO
Natal da Silva - DF

Deixei o meu estado
E também o meu lugar
Com minha mala nas costas
Deixei meus pais

E todos aqueles que a gente gosta
Cheguei aqui para ajudar
Construir essa grande cidade
Perdi até minha identidade

Virei candango
Conheci o presidente que também
Dançava tango,
Trabalhava noite e dia
Pra fazer essa bela maravilha

Palácios e ministérios
Congresso Nacional
Aqui no Planalto Central
Faz tanto tempo atrás

Eu nem me lembro mais
Quando cheguei aqui
Não sinto saudades
De onde vim. Que felicidade!

Isso aqui é Brasília
A Capital Federal
Ela é linda, ela é bonita demais
Eu era pobre, mas seria capaz

De ganhar dinheiro e ainda
Muito mais
Eu era feio, era cara esquisito
Hoje sou respeitado e rico

Sou alegre fiquei bonito
Ando bem calçado, bem vestido
Sou casado e bem sucedido
Trago esposa e filhos comigo

Ando de carro
Ando também de ônibus
Ando até de metrô...
Que amor!

Amo a mulher candanga
Que legal, que bacana!
Ela não me engana
Conhecia até a garota

Mariana que gostava de brincar:
Papai, mamãe, vem ver vovó
Chupando cana
Com um dente só.


3º lugar

S. O. S. PARA O RIO URUGUAI
Maria Ruzycki - RS

Nas barrancas do Uruguai
A vida pulsava
Nos olhos dos meninos chibeiros,
Que ao som das cachoeiras e dos remos
Brigavam com a correnteza,
Desafiavam a sorte,
O tempo feio,
A noite e seus fantasmas,
Ajudando no contrabando,
Garantindo a sobrevivência.

Nas barrancas do Uruguai
A vida pulsava
No suor das lavadeiras,
Ativas missionárias,
Guerreiras fronteiriças.
Escreveram a história
Com coragem, lágrimas e esperanças,
O rio acalentava suas dores,
Nos remansos, renovavam as forças,
Purificavam suas almas.

Nas barrancas do Uruguai
A vida pulsava
Na mão calejada do pescador,
Que com um anzol e uma canoa,
No fim dos dia,
Alimentava mulher e filhos.

Nas barrancas do Uruguai,
Hoje,
O dourado não brinca mais
Nas corredeiras,
Nos sarandis
Não tem mais o lambari.

Às argens, antes mata virgem,
Lixo,
Veneno,
Peixe morto,
Arrastão,
Água suja.
O bicho homem com sua ganância,
Querido rio,
Pariu a morte
E te deu de presente.

Disponível em:
Coletâneas de Poesias/ Associação Nacional dos Aposentados e Pensionistas do Serviço Público Federal. -Brasília: LGE Editora, 2007. 276 p.

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