DESCANSO PARA LOUCURA: Coletânea de Poesias - APSEF - ano 2004

PESQUISE NESTE BLOG

sábado, 2 de fevereiro de 2013

Coletânea de Poesias - APSEF - ano 2004

1º lugar

BARNABÉ DO CÉU
Benedito Walter M. Martins - SP

Barnabé, um excluído,
Sem pai, sem mãe, sem família.
Agora, sem emprego. E roubado.
Sem dinheiro, sem CIC, sem RG.
Dormiu embaixo da ponte.
E na noite fria, sonhou.
Tinha morrido.
Chegou à porta do céu.
Um santo barbudo
Com a chave na mão.
- Entra Barnabé!
- Eu?
- Tu mesmo...
- E meus pecados? Fiz tanta coisa...
- Como vou pagar?
- Deixa de bobagem Barnabé!
E apontando para dentro piscou.
- O chefão já pagou tudo...
Barnabé viu uma luz,
Tão forte, tão forte, que acordou.
Levantou-se e viveu.


2º lugar

EM BUSCA DA PAZ
Creusa Fonseca Rolember - SE

Olho para o céu,
E nele vejo o arco-íris.
Olho para o mar,
E nele vejo as ondas.
Olho para a terra,
E nela vejo os homens.
Homens que só pensam na guerra.
Guerra que destrói os seres
Seres que embelezam o mundo.
Mundo que não é mais o mesmo:
Na agitação do dia,
Busco um canto que me dê a paz.
Um momento de quietude,
Onde eu possa pensar em você.
Procuro, então, a paz,
Que parece se esconder de mim.
Uma forte dor me invade o peito.
Sinto-me só.
Sozinha, acompanhada da solidão.


3º lugar

A ÁRVORE DA FACULDADE
Mª Stella de Carvalho Lustosa - RJ

Lá fora, a fuligem
Das fábricas,
O cinzento dos prédios,
O escuro do asfalto.

Lá fora, o tumulto,
A boca escancarada
Dos carros,
A buzina estridente.

Barulho nos pés.
Barulho nos carros.
Barulho, muito barulho.
Aqui é paz.
Aqui é árvore,
Majestosa, perene,
As folhas verdes,
Masi verdes, menos verdes.

Tronco que abraça,
Ramos que descansam
Nas raízes generosas.

Respiro em haustos profundos o ar,
O oxigênio, a árvore.
Esfuma-se tudo em volta.
Paredes brancas,
E janelas, verdes.

Só vejo a casa.
A casa do Paço Real.
Ouço vozes, vozes de reis, rainhas, imperadores.
Desfilam os próceres
Da primeira República.

Ouço também
Cochichos, de mucamas,
Gemidos dos escravos,
Retorno à árvore.

Só sinto agora
O tremor do vento,
No verde verde
Da folhagem imensa.

Árvore-seiva
Árvore-sangue
Árvore-vida.



Disponível em:
Coletâneas de Poesias/ Associação Nacional dos Aposentados e Pensionistas do Serviço Público Federal. - Brasília: LGE Editora, 2007. 276 p.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

SEGUIDORES