INTRODUÇÃO –
CRÍTICA DA FILOSOFIA DO DIREITO DE HEGEL (KARL MARX)
Conteúdo
elaborado por Karl Marx, no ano de 1843 e publicado no ano seguinte, critica
uma parte da Filosofia de Hegel e inicia nos dizendo que a crítica da religião
chegou ao fim, se tratando da Alemanha... “A crítica da religião é o
pressuposto de toda a crítica”.
O
homem se deu conta que não existe outro homem fantástico, o que há é o reflexo
de si mesmo e a crítica à religião luta contra a ideia de que foi o homem que
fez a religião, visto que ela é autoconsciência do homem; este também cria a
sociedade e a religião, apenas uma teoria geral do homem. A religião é um
refúgio para a miserabilidade, é a realidade da miséria, o espírito mundial,
sendo assim “ópio do povo”.
Quando
se critica a religião como felicidade ilusória, busca-se a felicidade real, não
significa, porém, dizer que a partir da crítica tudo estará resolvido, virá,
então, um processo de brotamento de novos valores, novas conquistas e outros
raciocínios para que o homem pense e saia da ilusão.
A
história tem que descobrir primeiramente a verdade do aquém (ser social), usando a Filosofia que, assim como desmascarou
a auto alienação, deve desmascarar as relações sociais, havendo posteriormente
críticas inversas.
Karl
Marx lembra aos alemães que algumas de suas conquistas gloriosas foram
efetuadas por gerações passadas, foram também influências externas, força,
raciocínio e luta remota. Para que se gabar? Estamos libertos, mas
limitadamente pelos grandes feudais que apenas mudaram de roupas e de nomes.
“Liberdade só no dia do enterro”.
Marx
nos coloca como se a Alemanha não tivesse obtido uma história de liberdade real
que lhe servisse de base e diz que não há de se encontrar tal liberdade nas
selvas teutônicas. “A situação alemã encontra-se abaixo do nível da história,
abaixo de toda a crítica, como pode ser objeto de críticas”? Esta crítica não
refuta a situação alemã, porque ela já está refutada, não tem qualidade de fim,
mas de meio, indaga, denuncia...
Faz
crítica também a divisão social, das absurdas divisões e da proporção
incoerente entre dominadores e seus números. Esta irá conceder aos alemães o
seu auto engano, sua resignação e o tamanho dos seus elementos vergonhosos,
fazei-los se assustar e criar coragem para reconhecer suas falhas e sua auto enganação.
No
que diz respeito ao Antigo Regime (ancien
régime) aconteceu algo universal, visto que seu erro foi histórico e não
pessoal, tendo como consequência sua trágica queda. Já o Novo Regime Alemão
apenas negou o antigo e imagina acreditar em si mesmo e exige do mundo essa
mesma crença que é ilusória. Não sabe ele que está quase chegando a Comédia. E o que é a Comédia? “É a última fase de uma forma
histórica mundial”. Enquanto em alguns países a soberania está já em fase de
término, na Alemanha está, ainda, iniciando. Enquanto em alguns o monopólio já
chegou nas últimas consequências, na Alemanha está ainda na etapa de lavá-lo as
últimas consequências. Estes primeiros casos são a solução e os segundos a
colisão.
A
única história alemã que se encontra a nível do presente oficial moderno é a do
Direito e do Estado. O Partido Político Prático alemão reclamou a negação da
Filosofia, tudo bem! Mas ele esqueceu que “não se pode superar a Filosofia sem
realizá-la”, assim como errou o Partido Político Teórica, este partia da
Filosofia e cometeu um erro no universo.
A
Crítica da Filosofia Alemã do Direito e do Estado encontrou em Hegel a maior
expressão e mais rica análise do mesmo, mas como se ele tomava apenas a
abstração do real? É de se ver que no Estado Alemão “falta a solidez de sua
própria carne”.
As
emancipações alemãs foram apenas e cunho teórico, assim como o seu passado
revolucionário é teórico. Lutero venceu
com a criação do Protestantismo, mas não solucionou os problemas. A Alemanha
que era submissa a Roma tornou-se submissa também a Prússia, a Áustria, aos
Fidalgos rurais e aos Filisteus. E o que é que está se opondo as revoluções, as
conquistas alemãs? É a não cumplicidade, a não união das exigências do
pensamento alemão com a realidade e consigo mesma? Ora, não basta que apenas o
pensamento queira realizar, é preciso que a realidade ceda ao pensamento. A
Alemanha pode chegar a cair sem sequer ter se emancipado. Fica claro que os
objetos do antigo regime que possuímos se combina com os defeitos civilizados
do regime moderno. A Alemanha possui muitas barreiras a serem derrubadas, mas
primeiro deve-se derrubar a barreira política do presente.
A
Alemanha tem como utopia ao menos uma revolução parcial, básica, que edifique
outras revoluções. E esta responsabilidade é da sociedade civil, sendo que haja
dinheiro e cultura na sociedade geral. A sociedade civil deve confraternizar,
representar, exigir, ser a cabeça e o coração da sociedade geral, é preciso que
ao final haja uma coincidência da sociedade civil e de todo o povo. É
necessário, então, que a parte seja o todo e que o todo seja a parte.
É
notável que a moral da Alemanha é o moderno egoísmo que tem de reconhecer seus
limites, por isso as relações sociais são épicas, não dramáticas. Tendo consciência
de suas pretensões e de suas oposições, cria uma base bem mais forte para
conseguir o que se quer.
O
autor elabora uma série de fatos sempre relacionando a Alemanha com a França e
mostra que, quando a Alemanha inicia algum processo revolucionário, na França
já se está no fim, iniciando outro mais elevado. Diferentemente da Alemanha, na
França, se tem espírito teórico e prático e emancipação real.
Para
que haja uma possibilidade positiva de emancipação na Alemanha, é preciso
emancipar primeiramente todas as classes que a compõem. O homem alemão tem uma
perda muito grande e deve-se, portanto, recuperá-lo. “Este homem que dissolveu
a sociedade como um estamento particular é o Proletariado”. Este nasce na
Alemanha através do nascimento industrial, nasce naturalmente, porém com uma
pobreza artificialmente produzida, já que surgiu de uma aguda dissolução.
A
emancipação da Alemanha deve partir da parte com o todo, deve fazer revoluções
a partir do fundamento. “A emancipação da Alemanha é a emancipação do homem”. A
Filosofia é a cabeça (o dado racional) e o proletariado é o coração (o dado
sensível, empírico, o que necessita). Um precisa da realização do outro.
JaloNunes.
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REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:
MARX,
Karl. Crítica da Filosofia do Direito de Hegel - Introdução. In: Temas de Ciências Humanas. (trad. José Carlos Bruni; Raul Mateos
Castell). São Paulo: Grijalbo, 1977. Vol. 2.