MARTINELLI, Maria Lúcia. Serviço Social: identidade e alienação.
– 11 ed. – São Paulo: Cortez, 2007.
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O Serviço Social é uma das poucas profissões que trata da questão humana,
no seu sentido mais intrínseco possível, sem penetrar no âmbito da Psicologia,
porém, buscando suprir as necessidades humanas, sem oferecer esmolas, mas
necessariamente inclinado os necessitados para a evolução humana e social.
Estando a serviço do setor público ou privado, busca conciliar as duas partes
(instituição e usuário) na tentativa de aproximá-los sem prejuízo para nenhum
dos dois.
O texto que segue, delineia perfeitamente a trajetória que esta profissão
fez, até tornar-se o ofício que se dispõe a realizar na atualidade. Merece
destaque, ainda, a rica história que esta profissão contém em suas origens, de
maneira que poucas possuem um “arsenal” tão grande e complexo de fatos e
motivos que levaram a sua criação. Trata-se, então, de uma profissão que está
historicamente situada e principalmente criada para atender a uma forte demanda
da época: para aproximar os antagonismos, para diminuir as cisões e as lacunas
sociais, para aproximar as classes e buscar sempre o acesso aos direitos.
Mostra ainda todo o percurso feito pelo capitalismo e seu incrível modo de
produção, que não mediu esforços e não poupou sequer a humanidade exclusiva do
ser humano, e expandiu-se exageradamente, reconhecendo-se também ser o Serviço
Social, senão uma de suas profissões, mas, no mínimo fruto de suas estratégias
para encobrir a face do pauperismo e da ‘questão social’. Usando de ideologias,
e tantos outros recursos, invadiu a sociedade, criou sociedades novas e
dilacerou até a convivência familiar, porém, não deixou de se expandir e,
juntamente com seu progresso causou miserabilidades ferrenhas e desumanas,
precisando recorrer ao Estado a ações assistenciais para tentar suprir suas
profundas marcas de exploração e alienação feitas na estrutura social.
I
Serviço Social: a ilusão de servir
Serviço Social: a ilusão de servir
Para se compreender o Capitalismo (sua origem e seu desenvolvimento) é
preciso trilhar por pelo menos três vertentes, assegura Dobb (1983). São elas:
a proposta por Werner Sombart (1863-1941), considera que o Capitalismo (numa
visão idealista) é criação do “espírito capitalista” (empreendedor e racional),
sendo que em épocas diferentes, onde ocorrem atitudes econômicas diferentes. A
segunda concepção é assegurada pela Escola Histórica Alemã e entende que o
Capitalismo surgiu como uma forma de organização da produção, que se move entre
mercado e lucro. O Capitalismo tem, então, um motivo, o lucro, asseguram Karl
Bücher e Gustav Von Schmoller, representantes desta vertente. A terceira advém
do pensamento de Karl Marx, o capital é entendido como uma relação social e o
Capitalismo um determinado modo de produção, onde há a dominação do processo de
produção pelo capital. Há, portanto, o predomínio da compra e da venda da força
de trabalho, tornando-se mercadoria como outra qualquer.
É bastante difícil precisar o momento certo do surgimento do Capitalismo,
no entanto, o que melhor marca sua predominância é a posse e o uso da
propriedade privada, assim como a dos meios de produção e a exploração de uma
classe sobre a outra. E todas as transformações que vão ocorrendo, aos poucos,
no âmbito social, levam consequentemente a ruptura entre as classes e gera a
divisão social do trabalho.
A posse dos monopólios dava aos Burgueses o domínio econômico e social e
os centros de poder são deslocados dos feudos para os burgos. Chegam a ter
domínio sobre a política e o Estado, elevando ainda mais seu poder.
Fatos ocorridos entre os séculos XIV e XVI em quase toda a Europa, fazem
com que o trabalhador assalariado apareça e a exploração do operário ao
Capitalismo torne-se ainda mais freqüente e constante. Nesta época, o campo
tornou-se subordinado a cidade, assim como os novos assalariados dependentes
das novas fábricas. Ao tempo em que o Estado promulgava leis para obrigar o
operário a trabalhar e para punir os que se recusassem a isso.
Sucessivamente, do século XVII ao XIX ocorreram muitas transformações que
fizeram com que o Capitalismo crescesse e se expandisse ainda mais, dentre elas
a Revolução Inglesa (1640-1660) que favoreceu o auge de uma nova política
econômica e social. Assim como surgem importantes invenções tecnológicas, como
a máquina a vapor (de James Watt) e o tear mecânico (símbolos da Revolução
Industrial). Eventos que contribuíram para que o Capitalismo penetrasse a fundo
no seio da estrutura social.
A Revolução Industrial (convencionalmente de 1775-1875) foi sem dúvida o
grande evento que proporcionou as mais variadas transformações tecnológicas,
mudando o cenário social, foi também responsável por tirar o Capitalismo da
fase mercantil e lhe garantir o que conhecemos por Capitalismo Industrial.
Durante todo o século XVIII o Capitalismo dominou plenamente. Havia ainda
os grandes efeitos produzidos pela Revolução Industrial e os operários ainda
não eram suficientemente organizados para combater o Capitalismo de maneira
forte e homogênea.
E então, no século XIX, os avanços do mercado atrelados as suas
necessidades, precisou de uma forte demanda de mão-de-obra. Intensificou-se,
portanto, a exploração sobre o trabalhador de maneira que “submetido ao controle e ao mando do dono do capital, o trabalhador
sofria dupla violência: além de separado de sua força de trabalho, era reduzido
à condição de mero acessório da máquina” (MARTINELLI, 2007, p. 40). Do
mesmo modo que o capital crescia, também se expandia (demograficamente) a
população operária, alargando a base da pirâmide social.
Esse crescimento não se restringia apenas ao campo econômico, mas
influenciava e transformava todos os setores da sociedade, inclusive a formação
de cidades e o êxodo do campo. O ser tornou-se mercadoria, sem valor e isto
custou caro, inclusive deficiência nas relações familiares.
Os operários, por sua vez, já lutavam contra essas más condições desde
épocas primitivas, porém, isso veio a se intensificar na Inglaterra, nas
primeiras décadas do século XIX. “As
primeiras formas de oposição dos trabalhadores a essa dura realidade
expressaram-se na resistência, dirigindo-se não diretamente ao opressor, ao
explorador, mas ao instrumento de exploração, ao símbolo da opressão: a
máquina” (MARTINELLI, 2007, p. 43).
As primeiras revoltas contra a máquina ocorreram também na Europa, no
final do século XVII, enquanto o Estado promulgava leis para punir[1]
quem atentasse contra as máquinas ou as fábricas. Restou para os trabalhadores
as manifestações em massa, estabelecendo novas bases de luta. Essas revoltas
eram contra a submissão às máquinas e aos capitalistas. Entretanto os operários
estavam sempre em
desvantagem. Após tantos embates deram-se conta que o “grande
vilão” era, na verdade, o capitalista (o burguês) dono dos meios de produção e
assim estava nascendo a consciência de classe, a consciência organizativa. “No final da primeira década de 1800 (...),
já se podia reconhecer uma certa identidade de classe entre os trabalhadores,
construída a partir de interesses comuns e apoiada em uma consciência social” (MARTINELLI,
2007, p. 46). Os trabalhadores tinham duas possibilidades de organização: o
cooperativismo e o sindicalismo. A formação de sindicatos se intensificou
quando o Parlamento exonerou leis que impediam os proletários (operários) de
formar “associações”. A liberdade de
organizar-se e de realizar manifestações contribuiu bastante para a evolução da
classe operária. Representavam “mais do
que formas de resistência, as manifestações vinham progressivamente
constituindo estratégias de dissolução da sociedade de classes produzida pelo
capitalismo” (MARTINELLI, 2007, p. 49).
A evolução do Serviço Social provocou cisões sociais e divisões de
classes nunca antes vistas, de modo que está sempre a crescer, enquanto diminui
algo, desmerece e torna objeto e/ou instrumento tudo que a ele se associa, seja
por imposição, seja por sobrevivência.
Os capitalistas visualizavam que a classe operária, que os pauperizados
eram produtos seus (do progresso capitalista) e então começaram a estudar
formas de coerção para recrutar esses “meros instrumentos” e não deixa-los
organizar manifestações. Os burgueses, estrategicamente, passaram a proclamar a
“liberdade” de trabalho e religiosa para os operários, isso para “fortalecer o tráfico mercantil que
caracterizava o modo de produção capitalista” (MARTINELLI, 2007, p. 56),
tratava-se, portanto, de intensificar e facilitar a livre concorrência. O ser
humano da época só encontrava duas alternativas[2]:
ou se mercantilizava ou se tornava ‘coisa pública’, não-cidadão. Para ser
socorrido pela assistência pública era preciso reconhecer-se como dependente do
poder público e ser assim inserido num sistema de normas e regulamentos severos
e desumanos.
Os burgueses buscavam meios de esconder as mazelas sociais, os
antagonismos, a face da exploração, da opressão, da dominação, do aumento da
pobreza e da miserabilidade.
Ainda no final do século XIX “o
operário era possuidor de direitos que a própria Revolução Francesa proclamara,
entre os quais de colocava desde o direito à liberdade pessoal e à vida digna,
até o direito à igualdade e à assistência, quando necessária” (MARTINELLI,
2007, p. 61). Tudo isso teoricamente falando, por que na prática ocorria quase
como nos dias de hoje.
“A origem do Serviço Social como
profissão tem, pois, a marca profunda do capitalismo e do conjunto de variações
que a ele estão subjacentes – alienação, contradição, antagonismos – pois foi
neste vasto caudal que ele foi engendrado e desenvolvido” (MARTINELLI,
2007, p. 66). O Serviço Social era, então, mais um instrumento da burguesia,
que consolidando sua identidade, buscava apaziguar as possíveis manifestações
individuais e coletivas e assim manter a ordem.
II
Os ardis do
Capitalismo
A consolidação do crescimento do Capitalismo afirmou que suas
transformações não se restringiam apenas ao campo econômico, mas que tocavam na
sociedade como um todo. Sendo que, trazendo consigo o dilema da contradição,
acentuando as desigualdades e criando grandes fissuras na divisão de classes.
Tudo isso, aliado ao processo exercido pela classe trabalhadora, dava aos
burgueses a falsa impressão de que o Capitalismo estava plenamente consolidado.
Eis que, as fortes e constantes crises cíclicas do Capitalismo criaram
muitos outros problemas, especialmente de cunho social, tais como a hipertrofia
da mão-de-obra e o exército industrial de reserva, assim como miserabilidade
ferrenha. Em situações razoáveis, a mortalidade de adultos e crianças chegava a
atingir 20% da população operária. Era, portanto, o mais cruel avesso do lucro
e do progresso dos Capitalistas.
A face da classe dominante, ao final da década de
1860, já não era mais apenas a face do poder, do fausto e do luxo de uma
burguesia em plena ascensão econômica. Em seu semblante já se podiam notar
fortes sulcos produzidos pela inquietação e pela ansiedade que lhe traziam o
agravamento dos problemas sociais e as dificuldades de superação das crises
provocadas por um comércio recessivo e por um mercado retraído. (...) Assim
como a consciência da classe do proletariado havia amadurecido (MARTINELLI,
2007, p. 71).
A exploração já não era aceita de maneira passiva e os descontentamentos
já eram visíveis e começavam a dar os primeiros sinais de revolta. Deste mesmo
modo, os Sindicatos já estavam mais unidos e fortalecidos e não se intimidavam
com os discursos “apaziguadores” da Burguesia. A grande Indústria (templo das
máquinas) tornou-se também terreno fértil para o desabrochar da consciência e a
construção da identidade de classe do Proletário.
Foi, portanto, a exploração sobre cada trabalhador individual que os
levou a dar-se conta da rede de relações na qual estavam inseridos e buscaram
assim formar a coletividade. Para isso era necessário se desamarrar das ilusões
criadas pelo Capitalismo, assim como se inserir no contexto das discussões
políticas da época. Os simples movimentos de classes passaram a ser movimentos
políticos de classe, tendo como cenário algo além da indústria, a sociedade. “Foram, porém, os movimentos associativos, a
prática sindical, os movimentos sociais, enfim, que tornaram possível a marcha
ascendente de sua consciência em direção à classe política e a luta de classes”
(MARTINELLI, 2007, p. 74).
Todos esses fatores levaram a Burguesia a perder um pouco a sua
supremacia, assim como o Capitalismo já era combatido pela classe Proletária, que
estava bem mais organizada. Exatamente no final do século XIX o crescimento
político da classe trabalhadora era bastante visível e ativo.
A burguesia criava formas de encobrir a face da pobreza de massa e da
miséria generalizada.
Além de tudo isso, o modo de produção vigente (que queria o máximo de
lucros) exauria as forças dos trabalhadores, de maneira que a grande quantidade
de mão-de-obra excedente era melhor ainda, para substituir àqueles que haviam
sido ‘sugados’ pelo dispêndio exagerado da força de trabalho e precisavam ser
substituídos. Na Europa, “havia uma
grande massa de camponeses empobrecidos, vagando (...), entre a revolta e a
submissão” (MARTINELLI, 2007, p. 78).
Essa miserabilidade generalizada ‘envergonhava’ a classe burguesa, assim
como o auge e o progresso do capitalismo, a face dos antagonismos era bastante
visível e era preciso fazer algo, ao menos, para encobrir.
III
Serviço
Social:
Rompendo com
a alienação
A Grande Depressão influenciou e afetou todos os países do mundo, seja
direta ou indiretamente, de maneira que somente no século XX as coisas
começavam a entrar numa situação de estabilidade, sendo que esta durou pouco e
foi atropelada pelos problemas políticos, sociais e econômicos. Enquanto isso,
a classe operária havia evoluído da simples prática sindical para a prática
política.
Todos esses eventos, atrelados à incidência constante da luta operária
levaram a duas perspectivas importantes: a ‘questão social’ no centro da
discussão histórica e o capital não mais como o grande dominador das relações.
Caía, portanto, a máscara do Capitalismo e perdia respaldo as suas ilusões.
O Capitalismo (a economia) entrava numa crise jamais vista (por causa da
Segunda Guerra Mundial) o que fez necessária a intervenção do Estado. Dentre as
ações dele criou-se uma nova forma de Capitalismo, o Monopolista. Iniciou-se
também uma nova repressão sobre os sindicatos, o que contrariamente fortaleceu
ainda mais a consciência de classe dos trabalhadores.
E a medida “que cresciam os
impérios econômicos, à medida que o Capitalismo Monopolista ganhava solidez,
crescia também a pobreza e generalizava-se a miséria” (MARTINELLI, 2007, p.
95).
Sendo, então, “culpada” pelas mazelas sociais e pelo pauperismo ferrenho,
a classe burguesa recorre aos agentes sociais, que já funcionavam com foro
profissional propriamente dito.
Historicamente a ação deste profissional esteve mais associada à
caridade. Há referências desde tempos da Antiguidade, no Egito, na Grécia,
Itália, Índia, etc., o que remonta há 3000 anos a.C. Esses primeiros agentes
eram chamados de Confrarias.
Na Filosofia, discutiram o tema da assistência, filósofos como
Aristóteles, Platão, Sêneca e Cícero, em seus respectivos contextos. Já com a
influência do Cristianismo a prática ganhou uma nova ênfase para a caridade e a
justiça social. A Igreja Católica intensificou esta prática e as Confrarias
passaram agir sobre a “a realização de
inquéritos sociais e visitas domiciliares para a constatação das necessidades
dos solicitantes de ajuda” (MARTINELLI, 2007, p. 97).
O grande organizador da Doutrina Cristã, que colocou a caridade como um
dos pilares da fé, foi Santo Tomás de Aquino. Mas, assim como a caridade era
sinônimo de auxílio, foi também motivo para manter pobres ainda mais alienados
e em constante repressão.
Saindo um pouco desta noção de caridade, a assistência desemboca (talvez
pior perspectiva) a da Ideologia,
sendo esta Ideologia retratação da classe burguesa, que através da função ideológica controlava os
pauperizado e ‘fingia’ tratar da ‘questão social’, desta feita a assistência
servia para atender aos anseios da classe dominante, enquanto controlava e
refreava a ação furiosa dos revoltosos.
Havia, portanto, uma forte ruptura entre pobres e ricos, o que estimulou
a criação de grupos de caridade, iniciava-se o longo processo de filantropia.
Porém, a conjuntura histórica não permitia que grandes mudanças fossem
efetivadas.
Tratava-se de um clima de crise e pauperismo, o que se caracterizava por
uma forte ‘depressão’ no âmbito social. Na verdade a burguesia queria conter as
rebeliões e assim conter possíveis ameaças, por parte da classe operária.
Pensava também que a realidade em crise contribuiria para a ampliação
capitalista.
Já no processo de racionalização da assistência e de sua organização de
bases científicas ainda predominava as visitas domiciliares. Ainda em 1880 o
Estado Burguês passou a receber de suas instituições de saúde, o Assistente
Social, ele era, contudo, um membro colaborador.
Com isso a Sociedade de Organização da Caridade tornou-se uma das maiores
instituições de assistência social (nos séculos XIX e XX) e esta levantava a
bandeira da organização científica da assistência.
Os Assistentes Sociais contribuíam para a difusão da alienação, sendo que
estavam também envolvidos pelas ideologias da época e, deste modo, agiam
inconscientemente a favor da classe dominante em detrimento dos dominados.
Então, por detrás da profissão predominava um forte caráter de fundo
ideológico.
O Serviço Social desenvolvia uma identidade de dominação, alienação
política e social, econômica e cultural. Sendo que é importante destacar que a
profissão do Serviço Social avançou em seu processo de institucionalização.
Os Assistentes Sociais, porém, respondiam aos engendramentos formulados
pela classe dominante, dos capitalistas, na medida em que atendia mais aos
burgueses do que mesmo aos proletários. A profissão, portanto, caminhava na
marcha oposta (contrária) aos anseios e lutas dos trabalhadores.
Faltava ainda uma identidade profissional para o Serviço Social, o que
tirava um pouco de sua firmação, visto político e socialmente, haja vista os
fortes controles por parte da burguesia para manter seus agentes sob vigilante
controle.
A partir de meados da década de 40 o Serviço Social no Brasil sofreu a
influência da concepção norte-americana, o que até então, era embasado pela
concepção europeia.
O Assistente Social começou a ser legitimamente remunerado, tornou-se um
profissional assalariado, o que o inclinou para o profissionalismo, o que
representou não necessariamente uma melhoria de suas atividades que levassem a
luta contra os dominantes, representou, porém, uma maior legitimação e consequentemente uma firmação do seu papel social.
Inicialmente no Brasil o Serviço Social fora influenciado pela concepção europeia, porém mais adiante fora impregnado de concepções norte-americanas.
Então, no Brasil sua inserção remonta a década de 30, respaldado pela
Igreja Católica, assim como por alguns grupos burgueses.
É importante salientar, que no Brasil, o Serviço Social se originou
profundamente relacionado com a conjuntura econômico-social pela qual o país
passava naquela época.
A burguesia procurava (juntamente com a Igreja Católica e o Estado)
implementar a ações para conter os proletários, que há tempos já vinham demonstrando
descontentamentos com a situação de exploração, pobreza e falta de
oportunidades.
Especificamente em São
Paulo , foi criado em 1932, o Centro de Estudos e Ação Social
(CEAS), importante para qualificar pessoas para esta prática. Inicialmente foi
oferecido um curso para jovens selecionadas da classe burguesa e que já
realizavam algum trabalho de assistência, vinculado a Igreja Católica, na
esperança que isso tomasse proporções maiores num período próximo.
“A identidade atribuída ao Serviço
Social (...) era uma síntese de funções econômicas e ideológicas, que levava a
produção de uma prática que se expressava (...) como mecanismo de reprodução
das relações sociais (...) uma estratégia para garantir a expansão do capital”
(MARTINELLI, 2007, p. 124).
Os ‘benefícios’ concedidos por esta prática no transcorrer das décadas de
30 e 40 serviram para encobrir as reais intenções subjacentes da classe
burguesa. Além disso, os sindicatos da época eram marcados pela presença do
Estado, onde deixava suas marca opressora e impedia de aflorar o direito
político e social dos sindicalizados.
É evidente que é uma profissão que foi criada para, teoricamente,
facilitar a vida dos necessitados, oprimidos e dos que não dispõe de outro
recurso senão a força de trabalho, mas na prática é apenas mais um instrumento
do capitalismo e da burguesia, na tentativa de refrear as manifestações
eminentes que se ameaçavam a eclodir em todas as regiões, cujo senhor maior era
o capitalismo. Porém, não significa dizer que deva (o profissional) trabalhar a
favor do capitalismo e dos burgueses, contribuindo com a ideologia que massacra
e a alienação, deve, entretanto, usar de estratégias para atender aos ‘dois
senhores’, ter conhecimento da legislação em vigor e da conjuntura em questão
para saber dosar a atuação e satisfazer aos dois lados da mesma “moeda social”
(burguesia e proletariado/ instituição e usuário).
Este site me ajudou bastante,estou estudando sobre o livro..valeu!
ResponderExcluirEu também agradeço você ter mencionado a importância do blog e desta publicação! Boa leitura! Abraço.
Excluirmuito bom!
Excluirobrigada pelo resumo, também me ajudou
ResponderExcluirMuito importante o seu comentário, também, cara Edna Luiza! Bons estudos, obrigado e abraço.
ExcluirJá li o livro da Martinelli e gostei bastante desse resumo. Parabéns!!!
ResponderExcluirMais uma vez fico feliz em poder contribuir; como o blog é bastante eclético, convido todos a virem outras postagens! Obrigado, abraço.
Excluirmuito bom o resumo !
ResponderExcluirObrigado Elenilde por seu comentário! Disponha; um abraço!
ExcluirFiz a leitura da obra.Seu resumo está muito bom!!!
ResponderExcluirObrigado Isadora, e boa sorte nos estudos!!!
ExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
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