Disponível em: palavraria.wordpress.com |
- O trabalho humano é uma atividade determinada e transformadora, mas, muitas vezes, penosa e, contudo necessária.
- “Às vezes carregada de emoção, lembra dor, tortura, suor no rosto, fadiga. Noutras mais que aflição e fardo, designa a operação humana de transformação da matéria natural em objeto de cultura”. (p. 8)
- “É o homem em ação para sobreviver e realizar-se, criando instrumentos e com esses, todo um novo universo cujas vinculações com a natureza, embora inegáveis, se tornem opacas”. (Idem).
- Outros significados particulares do trabalho: O esforço aplicado à produção de utilidades ou obras de arte; conjunto de discussões e deliberações de uma sociedade ou assembleia convocada para interesse público, particular ou coletivo.
- Assim como pode indicar o processo de nascimento de uma criança.
- “O trabalho em português e no plural quer dizer preocupações, desgostos e aflições. É o conteúdo que predomina em Labor, mas ainda está presente em trabalho”. (p. 10)
- “Em nossa língua a palavra trabalho se origina do Latim Tripalium, embora outras hipóteses a associem a Trabaculum”. (idem).
- Para certos tipos de trabalho o esforço será preferencialmente físico; para outros, estritamente intelectual.
- “O trabalho do homem aparece cada vez mais nítido quanto mais clara for a intenção e a direção do seu esforço”. (p. 11)
- Trabalho, além de esforço é também o seu resultado.
- O que distingue o trabalho humano do dos animais é a existência da consciência e da intencionalidade, típica do primeiro.
- Para Max Scheler: Três sentidos de trabalho: “de uma atividade humana, às vezes também animal ou mecânica; o produto coisificado de uma atividade e tarefa ou fim apenas imaginado”. (p. 13)
- Em Sociologia: quase sempre está inserido no contexto da divisão social do trabalho.
- “Os estudiosos supõem que a história da palavra trabalho se refere à passagem da pré-histórica da cultura da caça e da pesca para a cultura agrária baseada na criação de animais e plantio”. “Já a significação de hoje é dada ao trabalho se refere à passagem moderna da cultura agrária para a industrial”. (p. 14)
O que o trabalho tem
sido
- Nas comunidades isoladas o trabalho serve apenas para garantir a subsistência de maneira indireta.
- “Com o estágio consecutivo ao das economias isoladas, temos o tempo em que os homens inventaram ou descobriram a agricultura”. (p. 16)
- No trabalho primitivo: as mulheres plantam, os homens caçam.
- Desde o desenvolvimento da agricultura, a engenhosidade humana já perturba o equilíbrio natural.
- Nos primeiros atos de barganhar a propriedade privada: “Reivindicarei a posse ou o direito de domínio e determinação sobre o produto deste pedaço de terra que cultivei”.
- “Um fato relacionado com esta evolução da propriedade e de sua separação do trabalho foi a prática da guerra”. (p. 19)
- As linhas gerais das relações econômicas foram sempre semelhantes: o excedente mantinha a elite militar e sustentava a classe ociosa.
- Foi da primitiva troca em espécies que se passou para o comércio mediado pela moeda.
- Entre as características da época moderna estão: “a performance histórica da classe burguesa em seu momento criativo; a aplicação da ciência para o aumento da produção material; conhecimentos das ciências humanas e especialmente da psicologia para o controle social”. (p. 21)
- “Os lucros desta iniciativa a burguesia ainda vem recolhendo hoje”. (idem)
- Estágios de desenvolvimento da tecnologia: a invenção da máquina a vapor (séc. XVIII); o uso da eletricidade (séc. XIX); e a automação que representa o estágio mais recente (Revolução Industrial do século XX).
- A própria transformação humana sofreu com os processos desencadeados pelo mercado.
- “A tecnologia se expande; se nem sempre para melhor, acumula experiência e possibilidade”. (p. 23)
- “O advento da automação coloca a possibilidade de uma humanidade liberta do fardo do trabalho”. (p. idem)
O que o trabalho está
sendo
- “O trabalho hoje é um esforço planejado e coletivo, no contexto do mundo industrial, na era da automação”. (p. 25)
- “O capitalismo monopolista da segunda metade do século vinte invadiu as regiões aparentemente marginais do terceiro mundo”. (Idem)
- Portanto, estamos na época das organizações multinacionais.
- Dentre as consequências da industrialização podemos citar o crescimento demográfico e a crescente urbanização.
- “A corrida para as cidades se explica em parte pela natureza do trabalho industrial”. (p. 26/27)
- “O homem do campo se dirige para a cidade em busca de emprego nesta produção moderna, que lhe acena com promessas de um serviço menos arriscado e dependente da natureza do que o labor do campo, e com possibilidades de usufruir do bem-estar que as cidades se vangloriam de possuir, embora não o ofereçam a todos”. (p. 27)
- Porém, o crescimento das cidades também é fator das migrações.
- “A separação entre os lugares de trabalho e de moradia, não é a única separação que caracteriza o trabalho atual. Na linha de montagem, na fábrica, como nos corredores e seções especializadas dos labirintos burocráticos, separam-se as partes do processo de produção de um objeto, de um projeto”. (p. 34)
- Na verdade, produtor e produto estão separados.
- Ele produz para um mercado anônimo.
- “A alienação objetiva do homem do produto e do processo de seu trabalho é uma consequência da organização legal do capitalismo moderno e desta divisão social do trabalho”. (p. 35/36)
- “A relação alienado do homem com seu trabalho e produto gera uma relação correspondente do capitalista com o trabalho, que é a propriedade privada. Esta deriva, é resultado da alienação do trabalho”. (p. 36)
- "Renda, status e poder substituem a preocupação e o cuidado de fazer bem alguma coisa que se sabe fazer”. (p. 37)
- Hoje, o trabalho é uma espécie de negativa daquele artesanal, é o oposto.
- “A força de trabalho é dada como uma mercadoria. Do esforço do operário é extraído um valor que deixa uma sobra aos interesses do capital, pois o salário do operário fica muito aquém do valor que ele cria para o mercado”. (p. 40)
- “Tem-se como utopia, no sentido de impossível, que o trabalho seja expressão, ou que se possa ter um trabalho criativo e que dê prazer”. (p. 41)
Do que se tem pensado
sobre o trabalho
- “O que dá ao trabalho da terra aquele seu valor e prestígio originais é que para os gregos ele estabelece um elo com a divindade”. (p. 44)
- Marx diz que: “praxis é uma ação transformadora que se dá através do trabalho consciente que é diferente de trabalho alienado”. (p. 46)
- Labor é, portanto, o trabalho do homem pela sobrevivência.
- “Ainda na Renascença, entretanto, aparece uma outra visão de trabalho, que talvez tenha influenciado indiretamente as sínteses do Protestantismo, enquanto ambas se ligam à afirmação da burguesia, à noção de liberdade e a ideia de indivíduo”. (p. 58)
- Nesta época somam-se as ideias cristãs às greco-romanas e acabam por influenciar até os dias de hoje.
- “Naquela exuberante época de mudanças, o trabalho foi concebido por alguns como um estímulo para o desenvolvimento do homem, e não como um obstáculo (...) O trabalho é a melhor maneira de preencher a vida”. (Idem)
- “A satisfação do trabalho não decorre da renda, nem da salvação, sequer do status ou do poder sobre outras pessoas, mas do processo técnico inerente”. (p. 59)
- "O século XVIII, trás a ideia de homem se afirmar por dois caminhos – teórico e prático – que se uniram na técnica”. (p. 60)
- “Rousseau foi o primeiro a relacionar a transformação da natureza com a transformação do homem”. (Idem) Ele antecipa as ideias que aparecerão mais tarde com Marx.
- Já Adam Smith e David Ricardo veem no trabalho humano a fonte de toda a riqueza social e de todo valor.
- Porém os economistas viram o trabalho humano apenas por sua utilidade exterior e não por seu entrosamento com o ser humano – produtor.
- “Práxis, no sentido Marxista corresponde talvez mais aproximadamente aos poiesis grego: atividade produtiva, fabricação. Pelo menos, elabora uma síntese da poiesis e práxis no sentido tradicional”. (p. 61/62)
- Para G. W. F. Hegel expressa uma concepção nova do trabalho humano: “é uma relação peculiar entre os homens e os objetos, na qual se unem o subjetivo e o objetivo, o particular e o geral, através do instrumento, a ferramenta”. (p. 62)
- Então, para ele, o trabalho é um processo de transformação.
- “A produção do objeto pelo homem é ao mesmo tempo um processo de autoprodução do homem. No que produz, o homem se reconhece e é reconhecido; e reconhece a relação social, de dominação”. (p. 63)
- Hegel, portanto, destaca a fase da autoconsciência: que só se satisfaz em outra autoconsciência.Porém, “o reconhecimento mútuo pressupõe uma exclusão mútua”. (p. 64)O trabalho (para o escravo) é servidão, dependência em relação ao senhor. “O subjetivo se torna objetivo no produto. E desse modo cria um mundo próprio”. (p. 66)
- “Para Hegel, pois, fica evidente o aspecto positivo do trabalho, por que ao formar coisas, forma e forja o próprio homem (...) Então Hegel ignora a alienação do trabalhador na economia moderna”. (p. 67)
- Já para Marx, “a essência do ser humano está no trabalho”, mas para isso é preciso que não haja a alienação que disponibiliza a mais-valia para o capitalista.
- Entretanto, nos dois é possível perceber que têm em comum a ideia de que o trabalho seria o fator de mediação entre o ser humano e a natureza.
- O homem diferencia-se do animal por que, antes mesmo de realizar algo concretamente, já foi capaz de construí-lo mentalmente.
- Em Marx a alienação ocorre da seguinte maneira: “sem ser dono do projeto do que produz, o homem apenas se agita como as formigas no formigueiro”. (p. 71). Não há, portanto a autenticidade, ocorre uma alienação ferrenha.
- Fourier vê no trabalho a possibilidade de torná-lo prazeroso e sem a existência de repugnância.
- “Num sentido Marx se afasta de Fourier. Para Marx e o Marxismo, o trabalho pertence ao reino da necessidade”. (Idem)
- “Ainda hoje nos defrontamos com a ideologia do trabalho e seus adeptos na sociedade burguesa”. (p. 72)
- A tecnologia procura buscar que no trabalho ocorra uma máxima eficiência com esforço reduzido, porém conserva a ideia de maximizar a riqueza e os lucros do capitalismo.
- Na verdade, para a maioria dos empregados “o trabalho tem certo caráter desagradável”.
- “A nova classe média, constituída de assalariados e burocratas, jamais foi profundamente atingida pela ética burguesa do trabalho”. (p. 74)
- “Os novos controles sociais criam nas massas, através da propaganda vinculada pelos meios de comunicação, uma carência irresistível para a produção e o consumo supérfluo”. (p. 75)
- Já segundo H. Marcuse, “o trabalho não seria apenas alienado no mundo de hoje, mas alienante”. (Idem)
O que o trabalho não é
- “O serviço doméstico se torna o plano onde se acentua a superexploração das mulheres”. (p. 92)
- "Os trabalhadores sociais de hoje talvez ainda lutem contra a má consciência de fazer caridade por pagamento”. (p. 93) Aqui se inserem os assistentes sociais.
- “Quando se pensa que os desempregados o são porque não desejam trabalhar, o sistema aperfeiçoa as formas de repressão à vadiagem, por leis repressivas ao próprio desemprego. Quando se percebe que os desempregados são involuntários, e que os que poderiam dar emprego não os fazem, então, as estratégias de combate ao desemprego e as políticas são outras: ou se procuram criar novos empregos pela expansão das obras públicas e outras atividades; ou se concedem subsídios às empresas privadas, para que possam empregar maior número de trabalhadores; ou se criam colônias, campos de trabalho”. (p. 82)
- “O trabalho só é produtivo quando cria valor, mais valor – valor maior do que é consumido, e, portanto, dê lucro a empresa que o realiza”. (p. 84)
- “Trabalho doméstico é entendido como o labor da casa, à serviço da família, que se realiza exclusivamente no âmbito privado”. (p. 88)
- “O trabalho social vem acompanhado de um certo desprezo por parte de quem faz outro trabalho produtivo no sentido estrito”. (p. 94)
- Para Cornelius Castoriadis (filósofo, político e psicanalista greco-francês), “a gestão operária não quer dizer que indivíduos de origem operária sejam nomeados no lugar dos atuais dirigentes, mas sim que a produção, em todos os níveis, seja dirigida pela coletividade dos trabalhadores: operários, empregados e técnicos”. (p. 99)
- Emprego: é o trabalho institucionalizado; Trabalho: atividades temporárias.
- Assistencialista: medida paliativa sem previsão na lei; Assistencial: medida prevista na lei.
O que o trabalho ainda
não é, mas pode ser
- “Quem cria não tem necessidade de aniquilar outros criadores”. (p. 98)
- “A criação pode ser a base de uma vida social mais feliz”. (p. 99)
- “A instauração da gestão operária é o que permitirá começar imediatamente a eliminar as contradições fundamentais da produção capitalista. A gestão operária marcará o fim da dominação do trabalho sobre o homem, e o começo da dominação do homem sobre seu trabalho”. (p. 100)
- Segundo a autora, todas as pessoas seriam iguais na condição de trabalho. Por outro lado, o Socialismo deve ser dirigido por um Estado Forte, liderado pelos operários. Seria Operários sob Burguesia.
A escritora Suzana Albornoz dá autógrafo em livro.Foto extraída de: palavraria.wordpress.com |
Nenhum comentário:
Postar um comentário