DESCANSO PARA LOUCURA: Resenha - Viagem ao centro da Terra, de Júlio Verne

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sexta-feira, 19 de junho de 2015

Resenha - Viagem ao centro da Terra, de Júlio Verne

Copiada de: www.baconfrito.com
A primeira Resenha que publicamos em nosso Blog, foi sobre o "Capítulo 2 - A Nova Cosmologia, de Paul Brockelman".
Agora, publicamos a resenha deste belo livro de ficção científica, escrito por Júlio Verne e que posteriormente se tornou filme, dos bons e que são passados na Sessão da Tarde.

VERNE, Júlio. Viagem ao Centro da Terra. (Tradução: Abílio Costa Coelho). São Paulo: Martin Claret Ltda. 2004.

Júlio Verne nasceu na cidade de Nantes (França), em 08 de fevereiro de 1828. Iniciou seus estudos de Direito em Paris, curso este interrompido por causa da vontade do escritor de se dedicar ao Teatro, obtendo vários sucessos enquanto escritor de obras teatrais.  Posteriormente se dedicou a escrever obras que levavam a possibilidade de viagens fantásticas, tais como Viagem ao Centro da Terra, livro este que estará sendo analisado (resenhado) a seguir. Vale salientar que toda a obra de Júlio Verne está direcionada para o público juvenil e popular, mas a sua grande maestria e genialidade fizeram com que fosse considerado um escritor que realçava a enigmática beleza, além do vigor narrativo e da convicção do progresso da humanidade, em muitos dos seus romances. Além da grande procura para leitura das suas obras, Júlio Verne também obteve vários livros publicados em diversos idiomas, sem contar nas inúmeras adaptações cinematográficas. Veio a falecer em 24 de Março de 1905.
   Em sua época, foi considerado um verdadeiro fenômeno literário, obras tidas como verdadeiras referências da moderna ficção científica, onde foi pioneiro.
   O Professor Lidenbrock, tio de Axel, era um homem ao estilo alemão, bastante severo e dotado de uma metodologia um tanto quanto egoísta, haja vista seu caráter de orador subjetivista, isto é, possuía muita sabedoria, mas não sabia repassá-las para seus alunos. Seu vocabulário era digno de um professor de mineralogia, não deixando brechas para uma linguagem poética, ou recíproca, sem contar na sua falta de habilidade como orador, o que rendia muitas risadas dos seus alunos. Apesar de tudo, era um homem bastante sábio e mesmo sem ter paciência demonstrava certo sentimento fraterno e de quem quer somente o bem.
Certo dia, chegando pouco antes do que de costume, Lidenbroch chamou a atenção de Axel e da criada, ao mesmo tempo em que exigiu a presença do sobrinho imediatamente em seu escritório. Lá, lhe mostrou um velho alfarrábio, escrito em Norueguês (pelo menos esta foi a primeira impressão) e que lhe enchia os olhos. Dentro do livro havia um pergaminho e este influenciou a aventura que permeia a história de todo este livro. Com a avidez de pesquisador cientifico que ele possuía (o senhor Lidenbroch), com a ajuda do sobrinho pôs-se a traduzir o pergaminho. A curiosidade dele, revelava-se e justificava-se na ideia de constatar naqueles sinais rúnicos uma grande descoberta, algo planejado por grandes alquimistas. Pois a ideia de desvendar mistérios propostos pelos antigos atrai  todos, sejam eles amantes da sabedoria ou não, por que em todo mistério há uma grande revelação ao final.
Axel se distraiu com o retrato de sua ex-noiva, ele amava esta moça, Grauben, apesar de não ter certeza de tal verbo em dialeto alemão. Quanto a isto, o autor devia se referir à falta de amor da população “raça pura” da Alemanha (especialmente na pessoa de um homem - Adolf Hitler) pelos Judeus (principalmente) e os ciganos, chegando a exterminar populações inteiras em nome de um ideal e de um dogma equivocado, preconceituoso e injustificável diante da condição humana e do direito à vida.
Quando o professor saiu de casa, atônito, por não ter ainda decifrado o criptograma (o conteúdo do pergaminho), Axel continuou a agrupar os símbolos, mas não gerava significados coerentes, mas pôde constatar pelo menos quatro idiomas diferentes somente numa frase. Eram 132 letras e como que por acaso, Axel descobriu a maneira de desvendar o pergaminho, porém, talvez, por medo de que seu tio realmente ingressaria em tal aventura, após ler os significados, decidiu não revelar nada a ele.
O professor era realmente absurdo, pois tomou a decisão de só comerem quando ele desvendasse o pergaminho. Ficaram então, todos sem jantar e já passavam das duas horas da tarde seguinte. Axel não agüentava mais a fome e resolveu revelar que sabia como descobrir a combinação perfeita dos símbolos do papel, uma vez que era bastante simples, apenas ler as frases ao contrário. De fato, o professor realizou tal ação e ficou encantado e perplexo por ter desvendado o texto do alquimista. Logo em seguida jantaram e o professor recomendou que seu sobrinho fizesse as malas, pois iriam executar a proposta do pergaminho. Seria ele um lunático, ou talvez uma pessoa daquelas que valoriza a escrita, o registro dos antepassados? Porém, uma coisa bastante simples é dar crédito ao pensamento dos outros, algo menos racional e mais louco é executar o que se propõe numa certa teoria.
A partir daqui estará lançada à aventura. O autor parte de uma ideia bastante óbvia e até irrefutável: um homem (Arne Saknussemm), antiquíssimo, escreveu num papel, de forma enigmática, dizendo que, por certo local chegar-se-á ao Centro da Terra, uma vez que o suposto escritor lá chegou.
Axel tentou convencer seu tio a não fazer tal loucura. Argumentou que provavelmente o alquimista escreveu naquele papel, mas quem garante que realizou tal façanha? Ele reconheceu ser uma hipótese verificável, porém não desistiu. Axel usou vários argumentos para elucidar na cabeça de seu tio a roubada que seria, ir adiante naquela aventura, usou inclusive recursos científicos (como a extrema temperatura no interior da terra), mas o professor era realmente um gênio, colocou todas as possibilidades no campo das hipóteses, deixando assim seu sobrinho, sem argumentação convincente e consistente. Ele era realmente esperto, pois se, partindo de hipóteses comprovadas é impossível chegar-se a uma conclusão injustificável, isto é, falsa. Posteriormente, o professor exigiu segredo absoluto de Axel, para que outros não descobrissem e conquistassem primeiro o interior da terra. Ou seja, O professor comungava de uma loucura universal, pensava ele, que outros teriam interesse em realizar tal trabalho.
Axel saiu atordoado de casa. Ora, aquele maluco professor não se convencera de deixar de lado ideia tão louca. O rapaz buscava mil hipóteses para justificar ou contradizer tal decisão e não encontrava, uma vez que a decisão já estava mais do que tomada, estava encaminhada. Enquanto isso, Grauben retorna à cidade e se encontra com Axel, ele relata o que está lhe perturbando e ela, logo depois, justifica que seria digno de um gênio tal como o professor e seu sobrinho fazerem esta viagem tão extraordinária. Ele fica muitíssimo estranhado com tal pensamento.
No dia seguinte o tio de Axel mais uma vez ordenou que ele fizesse as malas rapidamente, pois a viagem até a Islândia seria em breve e bastante demorada. E assim, ao amanhecer, partiram. O professor levava tantos instrumentos que encheram a carruagem que os conduziria até o trem. O apaixonado Axel se despediu de Grauben e iniciaram a viagem propriamente dita. Pegaram logo depois um barco e após desembarcarem mais uma vez se utilizaram de outro trem, numa nova rota. Chegando a Dinamarca, só esperaram uma próxima embarcação para chegarem a um novo destino. Enquanto foram conhecer as particularidades e belezas da cidade.
Após se instalarem, chegou então, o dia da partida. Embarcaram a bordo do barco Valquíria. O professor Lidenbrock levava consigo cartas de recomendação para as principais autoridades da Islândia, cortesias do professor Thomson, velho conhecido da Dinamarca. Viajavam, portanto, para Reykjavik e até lá seria cerca de dez dias, alertou o capitão Bjarne. Finalmente o navio ancorou na Baia de Reykjavik. Após sair do barco, o professor rapidamente apontou e mostrou a Axel uma montanha de duas pontas, era o objetivo final, o Sneffels. Enquanto Lidenbrock foi a Biblioteca da cidade ver se encontrava algum manuscrito de Saknussemm, Axel procurou andar pelas ruas para conhecer melhor aquela cidade.
Já na casa do Sr. Fridriksson, após o jantar, o professor indagou sobre as obras de Saknussemm e obteve como resposta que não havia obras do referido autor nem na Islândia e nem em lugar nenhum do mundo, uma vez que, fora perseguido por heresia em 1573 e teve todas as suas obras queimadas. Daí o professor concluiu o porquê de aquele texto ter sido escrito de forma enigmática e ter ido parar tão longe.
Antes de dormirem o professor Islandês disse para o alemão (Lidenbrock) que providenciaria no dia seguinte um ótimo guia para acompanhá-los até a cratera do Snelffels. E no dia seguinte o tio de Axel já estava a falar detalhadamente e em dinamarquês com o caçador, que seria o guia. Segundo o guia, Hans Bjelke, seriam cerca de dois dias para chegarem a uma aldeia (Stapi) perto da montanha. Porém, em se tratando de milhas dinamarquesas, na verdade, seriam sete ou oito dias, ainda assim indo a cavalo.
Além de instrumentos científicos, levavam bastantes ferramentas e comida, coisas estas, inúteis caso se concretizasse a descida ao centro da terra, onde a temperatura é extremamente quente, penso eu. E depois de tanto caminharem, Axel procurava tirar proveito daquela “excursão”, pois ainda queria acreditar que não iriam se aventurar ao Centro da Terra. Uma vez que chegar até o pico do vulcão era uma coisa e adentrar à sua cratera era outra, muito mais ousada e apenas hipoteticamente aceita.
Já viajavam há duas horas da capital Reykjavick e somente agora passavam por algumas casas, onde pararam por meia hora para almoçar e descansar, enquanto o guia alertou sobre o lugar onde passariam a noite, Gardar. Três horas mais tarde, foi dado o descanso aos cavalos. Às quatro horas da tarde já haviam percorrido quatro milhas. Após atravessarem as águas do Fiorde, se estabeleceram na casa de um camponês, que possuía uma adorável família, constituída por 19 filhos e a esposa. A arquitetura da casa era bastante curiosa, coisa da Islândia. No dia seguinte continuaram a viajar e à medida que andavam, mais solo deserto encontravam.
A viagem constituía-se, portanto, de dias bastante cansativos e noites tornadas agradáveis justamente por causa do estresse e da necessidade de repor energias. Eles andavam por terrenos encobertos de lava, sinal de força natural sobre o relevo, algo que media a capacidade do interior da terra, em transformar, até mesmo sua superfície. E depois de tantas aventuras, estavam finalmente aos pés da imensa montanha, que o professor sonhava em domar, sendo que, com a convicção da realidade.
Se instalaram na casa do pároco. Um local não mais agradável que os anteriores. Daí em diante os cavalos não iriam mais, então o guia, Hans, contratou três islandeses para subirem com as bagagens, isto é, a tralhas do professor.
Axel começava a se preocupar de verdade, pois imaginava, caso adentrassem ao vulcão, que poderiam se perder nas suas diversas lacunas e mais, quem garantia que o vulcão estava dormindo? Ora, só por que ele não estava em erupção desde 1229 (há seiscentos anos) não significaria sua extinção! O professor tentou explicar ao seu sobrinho que para haver erupções, ocorreriam alguns sintomas comuns, não constatados até então, garantia de trabalho seguro. Passava segurança com explicações científicas. Tinha certeza que a Ciência, quando explica, já é suficiente e não abre espaços para interrogações.
Subiam para o Sneffels por um caminho minimamente estreito e após três horas de caminhada dura, estavam apenas ao pé da montanha, pois, antes andavam por terrenos massacrados pelas antigas erupções vulcânicas. Começaram a subir, numa inclinação extraordinária. Viam-se apenas as brumas da neve encobrindo o pico do suntuoso complexo montanhoso. E depois de tantos sustos, típicos de uma escalada daquela qualidade, ainda estavam a mil e quinhentos pés de chegarem ao local objetivado. Finalmente chegaram, quando o Sol, praticamente, não se fazia presente da Islândia, ou seja, por volta de onze horas da noite.
No final deste capítulo os personagens haviam atingido o pico no monte Sneffels, daí em diante parece-nos que a aventura será maior, pois transitarão por lugares desconhecidos, onde nem guias saberão por aonde ir facilmente. Mas arriscaria um palpite, tendo em mente (a partir do que conhecemos ou supomos hipoteticamente ou até empiricamente) sobre as condições do centro da terra, apontadas pela ciência ou não: acredito que não chegarão ao objetivo final, almejado pelo audacioso e astuto, além de perseverante professor Lidenbrock e o nem tanto empolgado e nem tanto espontâneo Axel.
Estavam, portanto, no cume do Sneffels, diante dos seus dois pios, um ao Sul e outro ao Norte. E aí começaram a descer, rumo ao interior, através de uma fenda enorme que levava ao fundo do “vulcão adormecido”.
No fundo da cratera existia uma inscrição, feita supostamente por Arne Saknussemm, o que levou Lidenbrock a crer ainda mais na proposta que se dispusera a efetivar.
Havia três caminhos, onde, provavelmente só um fora trilhado pelo alquimista, restava adivinhar ou supor qual. E só a luz solar indicaria, através da sombra, qual o caminho correto, restava, portanto, esperar o Sol aparecer.
Finalmente, no dia 28 de Julho o Sol aparecera e despontara seus raios.
Após a confirmação de o caminho a seguir, eles começaram a descer, abismo abaixo, todos amarrados por cordas fixadas nas fendas das lavas. Algum tempo depois haviam chegado a um rochedo na superfície. Logo depois desceram mais duzentos pés, onde a escuridão era cada vez mais acentuada.
Chegaram ao fundo da chaminé perpendicular, Axel calculou a descida em cerca de dois mil e oitocentos pés.
Todo este percurso, na verdade, não representava sequer uma polegada adentro da terra, estavam apenas no nível do mar, pois tiveram que subir até o cume do vulcão, logo, teriam que descer e daí adentrarem ao centro da terra.
Deram com uma encruzilhada. Por qual caminho enveredar? O professor astutamente definiu como melhor opção o caminho a Leste. Axel dava-se conta que em vez de descer estavam subindo, o que deixou seu tio perplexo. Por fim deram-se conta que o caminho das lavas fora abandonado no momento da escolha anterior e que, talvez, estivessem na trilha errada. Sem contar na escassez de água percebido há tempos.
Chegaram ao fim do percurso, um local se saída por nenhum dos lados. Restava, portanto, retornar ao local onde se abriam os dois caminhos opcionais. Teriam que ter muito mais força e contar com água suficiente, o que era bastante incerto.
Faltou a água no primeiro dia de retrocesso à encruzilhada. Tudo levava a crer que só retornar era a melhor opção, mas Lidenbrock recusava-se a realizar tal ação, pois pensava que se abandonasse naquele instante jamais completaria tal objetivo.
Lidenbrock sugeriu mais um dia de expedição e se não encontrassem água retornariam. Axel aceitou.
Estavam todos extremamente esgotados, não tinham forças para continuar e muito menos para retornar. Então morreriam a caminho do interior da terra? Ótimo, seriam poucos, que como eles, ficariam enterrados a mais de sete palmos da superfície!
Mas as coisas mudaram. Hans supostamente encontrou água. Andaram dois mil metros a procura da mesma e nada encontraram com facilidade. Pararam onde o ruído da água parecia mais forte, mais próximo. Hans começou a cavar a parede de espessura grossa e dura da rocha. A água jorrou a ponto de atingir a parede oposta. Axel se lançou sobre ela e constatou que era muito quente, a cerca de cem graus e ainda apresentava uma cor e odor ferruginoso.
Deixaram a água esfriar por certo tempo e saciaram a sede. Decidiram continuar. E mais, seguir o caminho realizado pela água que descia rapidamente, isto é, iriam segui-la.
Intrigava ao professor a horizontalidade do percurso, uma vez que, para se descer era preciso haver verticalidade. Na medida em que andavam, Axel calculava que estavam a cerca de cinco léguas abaixo do nível do mar. E no dia seguinte, quinze de Julho, e já estavam uma légua a mais. Andando tanto em linha horizontal, constatou-se que, não estavam mais em terras islandesas e sim, sob o Oceano Atlântico.
Segundo os cálculos do professor, já estavam a oitenta e cinco léguas da base do Sneffels. As condições do ambiente iam de encontro às famosas teorias de grandes gênios, ou seja, dos grandes formuladores de teorias. Como por exemplo: a temperatura mortal naquele ponto em que estavam não existia.
Mais uma vez os cálculos foram desanimadores, pois teriam que andar dois mil dias (perto de cinco anos) para chegarem ao centro da terra. Se chegassem!
Não se pode negar o efeito prazeroso que o texto nos transmite, uma vez que é descritivamente fantástico, pois quando o lemos ele nos faz visualizar tudo detalhadamente. Muitas vezes nos permite sentir o cheiro do local, perceber a aspereza ou a maciez do chão e das paredes rochosas. E mais, nos faz visualizar com nitidez a cor dos objetos da matéria em si, o dourado do Sol sobre as rochas que revelam a evolução geológica que o Planeta sofreu até tornar-se o que é hoje. Talvez, o Planeta já tenha evoluído até o seu máximo e, por causa da degradação que o ser humano causa, ele esteja em retrocesso, isto é, voltando ao caos.
Hans (o guia) mostrava-se cada vez mais útil, realizava ações que jamais os outros dois “aventureiros” realizariam.
E já estavam a sete de Agosto, numa profundidade de trinta léguas, ou seja, a duzentas léguas da Islândia. E foi neste contexto que Axel se perdeu dos seus companheiros e após retroceder bastante no caminho, percebeu que já não estava na trilha do fio de água se derramava involuntariamente.
Axel estava sem perspectivas e chegou a pronunciar tal afirmação: Não posso descrever o meu desespero. Nenhuma palavra da língua humana poderia exprimir os meus sentimentos. Estava enterrado vivo com a perspectiva de morrer de fome e de sede.
E bastante atordoado pensou mil coisas e possibilidades de sair dali. A melhor opção era subir novamente. Vagando nos túneis chegou num local sem saída. E para completar a lanterna caiu e danificou-se. A luz esvaiu-se ele ficou numa escuridão extrema.
Axel perdeu as forças e caiu inerte sobre o chão.
Começou a perceber vozes, conduzidas por uma densa camada rochosa e, foi por este recurso que ele conversou com seu tio. Lidenbrock pediu que ele tivesse calma, coragem. Porém, souberam a partir da cronometragem que estavam bastante distantes e que Axel, deveria na verdade, descer para encontrar o tio.  Cerca de uma légua e meia e um oitavo os separava. Axel escorregava mais do que andava e chegou a cair num fundo buraco, desmaiando.
Quando acordou, Lidenbrock estava ao seu lado.
Estavam à beira mar. Que espanto para Axel! O Mar Lidenbrock, batizado por ele mesmo. Era como uma gigante caverna que iluminava magicamente um oceano. A própria imaginação era impotente diante da imensidão daquilo tudo. Depois de oitenta e sete dias aprisionados em galerias e grutas, estavam num local de oxigenação abundante. Essa região subterrânea possuía uma floresta de cogumelos, além de tantas outras espécies vegetais. Possuía também fósseis de animais.
Lidenbrock era um cientista que não cultuava do mito da ciência, pois tinha consciência que esta não é um saber absoluto e dizia: a ciência, meu rapaz, é feita de erros, mas de erros que é bom cometer, pois conduzem à verdade.
Estavam a uma profundidade de trinta e cinco léguas. Mais precisamente abaixo do pólo. A essa altura Hans já construía uma jangada para se lançarem ao mar. Ela foi lançada ao mar e flutuou perfeitamente.
Embarcaram no dia 13 de Agosto. E foi dado ao porto o nome de Grauben. A essa altura já foram nomeados o rio de água fervente aberto por Hans que recebeu o nome de Hans Bach e o Oceano Lidenbrock.
Axel foi encarregado de escrever o diário da nova etapa da aventura. Enquanto isso, Hans lança o anzol e após duas horas começa a fisgar peixes de uma espécie já extinta e desprovida de aparelho visual.
Axel começa a ter imaginações incríveis, chegando a entrar em estado de alucinação, porém é à realidade pelos seus companheiros.
Já estavam no terceiro dia de navegação e o professor preocupou-se. Teria ele se desviado do objetivo proposto de principio?
A picareta foi jogada no mar através de uma corda para verificar a profundidade, mas não tocou o fundo. Quando foi puxada estava com marcas de dentes fortes. Haveria, então, um monstro antediluviano naquela profundeza? Sim, apareceram dois monstros enormes e furiosos, um enorme crocodilo e uma feroz serpente, que lutaram entre si e os aventureis sequer foram percebidos.
Navegavam a uma velocidade de três léguas e meia por hora, no auge do dia 20 de Agosto. Neste percurso encontraram um enorme gêiser e não foram envolvidos por ele, por causa da serventia de uma ilha, avistada por Hans.
No dia seguinte estavam afastados da ilha que recebeu o nome de Axel. Enquanto forma-se uma grande tempestade na atmosfera daquele oceano envolvido por muralhas de pedra. E agora quem dava as ordens eram os trovões, os relâmpagos e os furacões endoidecidos. A natureza mostrava sua força e sua superioridade indiscutível.
Empurrados por esta tempestade, pararam a mais de duzentas milhas do ilhéu. Voltaram a si nos rochedos. Hans colocou-os protegidos e tentou recolher o que sobrou daquele potente naufrágio. Lidenbrock deixou claro que ainda queria ir ao Centro da Terra.
Uma surpresa! Ao examinar a bússola, constatou-se que o mar havia os jogado na mesma margem do ponto de partida, isto é, próximo ao porto Grauben.
Tinham, portanto, recuado em vez de avançar. No dia seguinte, após os reparos na jangada, a teimosia do professor ordenou que eles entrariam no mar novamente. E andando para encontrar o melhor local de embarque, encontraram um enorme cemitério de animais pré-históricos e o professor, assustadamente, encontra um crânio, isto mesmo, um crânio humano.
Segundo aquele professor, aquele cadáver evidenciava novamente e com veemência a existência do homem da época quaternária.
Na verdade, não existia apenas um corpo, mas vários corpos intactos, acompanhados de objetos feitos por eles mesmos.
Nas florestas ausentes de luz solar, as folhas eram sem cor e as flores pareciam de papel, sem cor e sem cheiro, mas, ali, nas entranhas da mata estavam os animais ferozes, não fósseis, mas essencialmente vivos. Mais assustados ficaram quando viram um homem guardando aquele rebanho de mastodonte. Este homem tinha estrutura acima de 12 pés.
Encontraram na areia um punhal, que não pertencia a nenhum dos aventureiros, muito menos ao habitante antediluviano, pois a arma era de aço, do século XVI. Com isso chegaram a conclusão, logo depois de encontrar as seguinte inscrição no mármore (A.S.), que a arma pertencia a Arne Saknussemm.
Isso provara a existência do viajante e sua respectiva viagem.
Começaram a descer por uma galeria próxima à inserção de Arne Saknussemm. Mas, logo adiante a galeria estava obstruída por um grande bloco de pedra, deixando-os sem condições de ir adiante. Prepararam então uma boa quantidade de pólvora para explodir o bloco de rocha. Já estavam no dia 27 de Agosto. Axel foi responsabilizado para atear fogo na mecha de pólvora. A explosão provocou um abismo que fez com as águas do mar se jogassem, arrastando com ela todos eles para uma enorme bifurcação. A bordo da jangada, desciam velozmente para um abismo, aparentemente, infinito.
As águas encheram um poço estreito e começaram a subir de nível rapidamente. As paredes rochosas estavam bastante quentes e a água em fervura, além da temperatura que estava praticamente insuportável. Comeram o resto de alimento que havia sobrado, pois precisavam estar fortes caso houvesse alguma esperança, isto é, se tivessem que fazer algum esforço para se salvarem.
Todas as evidências garantiam que eles estavam na rota de um vulcão eruptivo. Finalmente iriam retornar à superfície, porém, envolvidos por lavas, ou melhor, em estado gasoso.
Mas, inexplicavelmente foram lançados para a superfície, porém se encontravam sob um sol escaldante, nada de polo, ou de neve, etc. Não reconheceram o local onde foram expelidos, mas procuraram se afastar da montanha rochosa e chegaram a um campo de frutíferas abundantes e saborearam sem se preocupar.
Apareceu uma criança entre as oliveiras. Após muita tentativa de comunicação, chegaram à conclusão de que estavam em terras mediterrâneas, a mil e duzentas léguas do Sneffels. Estavam, portanto, sob o céu da Sicília.
Estavam de volta à Hamburgo no dia 09 de Setembro. Onde foram recebidos com festa.
O erro da bússola fora descoberto após certo tempo, por acaso, quando Axel percebeu que ela estava com o ponteiro indicado para o Sul (defeito este provocado pela bola de fogo que a atingiu na tempestade do Mar Lidenbrock).
Numa análise, detectamos que o texto de Júlio Verne é realmente fantástico, no sentido do talento do autor em escrever coisas imaginativas, porém, sempre embasado nas concepções e descobertas científicas, daí ser um texto de ficção científica. Notamos também que se trata de um texto divisor de águas, na vertente literária da ficção científica. Literatura esta que nos leva a um mundo de imaginação amadurecida e rica, repleto de mistérios, pois é isto que o mundo é, um eterno mistério. Júlio Verne é espetacular na descrição dos lugares que vê, levando-nos a vê-los com a mesma nitidez e veracidade. Porém, trata-se de uma viagem ao centro da terra, algo jamais feito, pois a terra é um corpo no universo ainda impenetrável até seu centro e inconquistável por completo, por que se trata de um planeta vivo e que não é meramente fácil de ser explorado, ele exige certas regras, estas naturais, mais que se quebradas podem representar danos sérios à humanidade, como já vem ocorrendo.
É realmente uma pena, uma história tão cheia de detalhes, não terminar relatando o objetivo alcançado. Objetivo este que permeia toda a história, toda a ação descritiva do texto. Mas, como o autor mostrou-se de uma imaginação “estupidamente grande”, parece-nos que desde o início ele já sabia que tal façanha seria impossível, isto é, chegar ao Centro da Terra e, pior que isso, de lá retornar para contar aos outros co-humanos.
JaloNunes.
Copiada de: chc.cienciahoje.uol.com.br
Júlio Verne. Imagem copiada de: en.wikipedia.org

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