![]() |
Copiada de: www.baconfrito.com |
Agora, publicamos a resenha deste belo livro de ficção científica, escrito por Júlio Verne e que posteriormente se tornou filme, dos bons e que são passados na Sessão da Tarde.
VERNE, Júlio. Viagem ao Centro da Terra. (Tradução: Abílio Costa Coelho). São
Paulo: Martin Claret Ltda. 2004.
Júlio
Verne nasceu na
cidade de Nantes (França), em 08 de fevereiro de 1828. Iniciou seus estudos de
Direito em Paris, curso este interrompido por causa da vontade do escritor de
se dedicar ao Teatro, obtendo vários sucessos enquanto escritor de obras
teatrais. Posteriormente se dedicou a
escrever obras que levavam a possibilidade de viagens fantásticas, tais como Viagem ao Centro da Terra, livro este
que estará sendo analisado (resenhado) a seguir. Vale salientar que toda a obra
de Júlio Verne está direcionada para
o público juvenil e popular, mas a sua grande maestria e genialidade fizeram
com que fosse considerado um escritor que realçava a enigmática beleza, além do
vigor narrativo e da convicção do progresso da humanidade, em muitos dos seus
romances. Além da grande procura para leitura das suas obras, Júlio Verne também obteve vários livros
publicados em diversos idiomas, sem contar nas inúmeras adaptações
cinematográficas. Veio a falecer em 24 de Março de 1905.
Em
sua época, foi considerado um verdadeiro fenômeno literário, obras tidas como
verdadeiras referências da moderna ficção científica, onde foi pioneiro.
O
Professor Lidenbrock, tio de Axel, era um homem ao estilo alemão, bastante
severo e dotado de uma metodologia um tanto quanto egoísta, haja vista seu
caráter de orador subjetivista, isto é, possuía muita sabedoria, mas não sabia
repassá-las para seus alunos. Seu vocabulário era digno de um professor de mineralogia,
não deixando brechas para uma linguagem poética, ou recíproca, sem contar na
sua falta de habilidade como orador, o que rendia muitas risadas dos seus
alunos. Apesar de tudo, era um homem bastante sábio e mesmo sem ter paciência demonstrava
certo sentimento fraterno e de quem quer somente o bem.
Certo dia, chegando pouco
antes do que de costume, Lidenbroch chamou a atenção de Axel e da criada, ao
mesmo tempo em que exigiu a presença do sobrinho imediatamente em seu
escritório. Lá, lhe mostrou um velho alfarrábio, escrito em Norueguês (pelo
menos esta foi a primeira impressão) e que lhe enchia os olhos. Dentro do livro
havia um pergaminho e este influenciou a aventura que permeia a história de
todo este livro. Com a avidez de pesquisador cientifico que ele possuía (o
senhor Lidenbroch), com a ajuda do sobrinho pôs-se a traduzir o pergaminho. A
curiosidade dele, revelava-se e justificava-se na ideia de constatar naqueles
sinais rúnicos uma grande descoberta, algo planejado por grandes alquimistas. Pois
a ideia de desvendar mistérios propostos pelos antigos atrai todos, sejam eles amantes da sabedoria ou não,
por que em todo mistério há uma grande revelação ao final.
Axel se distraiu com o
retrato de sua ex-noiva, ele amava esta moça, Grauben, apesar de não ter
certeza de tal verbo em dialeto alemão. Quanto a isto, o autor devia se referir
à falta de amor da população “raça pura” da Alemanha (especialmente na pessoa
de um homem - Adolf Hitler) pelos Judeus (principalmente) e os ciganos,
chegando a exterminar populações inteiras em nome de um ideal e de um dogma
equivocado, preconceituoso e injustificável diante da condição humana e do
direito à vida.
Quando o professor saiu de
casa, atônito, por não ter ainda decifrado o criptograma (o conteúdo do
pergaminho), Axel continuou a agrupar os símbolos, mas não gerava significados
coerentes, mas pôde constatar pelo menos quatro idiomas diferentes somente numa
frase. Eram 132 letras e como que por acaso, Axel descobriu a maneira de
desvendar o pergaminho, porém, talvez, por medo de que seu tio realmente
ingressaria em tal aventura, após ler os significados, decidiu não revelar nada
a ele.
O professor era realmente
absurdo, pois tomou a decisão de só comerem quando ele desvendasse o
pergaminho. Ficaram então, todos sem jantar e já passavam das duas horas da
tarde seguinte. Axel não agüentava mais a fome e resolveu revelar que sabia
como descobrir a combinação perfeita dos símbolos do papel, uma vez que era
bastante simples, apenas ler as frases ao contrário. De fato, o professor
realizou tal ação e ficou encantado e perplexo por ter desvendado o texto do
alquimista. Logo em seguida jantaram e o professor recomendou que seu sobrinho
fizesse as malas, pois iriam executar a proposta do pergaminho. Seria ele um
lunático, ou talvez uma pessoa daquelas que valoriza a escrita, o registro dos
antepassados? Porém, uma coisa bastante simples é dar crédito ao pensamento dos
outros, algo menos racional e mais louco é executar o que se propõe numa certa
teoria.
A partir daqui estará
lançada à aventura. O autor parte de uma ideia bastante óbvia e até irrefutável:
um homem (Arne Saknussemm), antiquíssimo, escreveu num papel, de forma
enigmática, dizendo que, por certo local chegar-se-á ao Centro da Terra, uma vez que o suposto escritor lá chegou.
Axel tentou convencer seu
tio a não fazer tal loucura. Argumentou que provavelmente o alquimista escreveu
naquele papel, mas quem garante que realizou tal façanha? Ele reconheceu ser
uma hipótese verificável, porém não desistiu. Axel usou vários argumentos para
elucidar na cabeça de seu tio a roubada que seria, ir adiante naquela aventura,
usou inclusive recursos científicos (como a extrema temperatura no interior da
terra), mas o professor era realmente um gênio, colocou todas as possibilidades
no campo das hipóteses, deixando assim seu sobrinho, sem argumentação convincente
e consistente. Ele era realmente esperto, pois se, partindo de hipóteses comprovadas é impossível chegar-se a uma
conclusão injustificável, isto é, falsa. Posteriormente, o professor exigiu
segredo absoluto de Axel, para que outros não descobrissem e conquistassem
primeiro o interior da terra. Ou seja, O professor comungava de uma loucura universal,
pensava ele, que outros teriam interesse em realizar tal trabalho.
Axel saiu atordoado de
casa. Ora, aquele maluco professor não se convencera de deixar de lado ideia
tão louca. O rapaz buscava mil hipóteses para justificar ou contradizer tal
decisão e não encontrava, uma vez que a decisão já estava mais do que tomada,
estava encaminhada. Enquanto isso, Grauben retorna à cidade e se encontra com
Axel, ele relata o que está lhe perturbando e ela, logo depois, justifica que
seria digno de um gênio tal como o professor e seu sobrinho fazerem esta viagem
tão extraordinária. Ele fica muitíssimo estranhado com tal pensamento.
No dia seguinte o tio de
Axel mais uma vez ordenou que ele fizesse as malas rapidamente, pois a viagem
até a Islândia seria em breve e bastante demorada. E assim, ao amanhecer,
partiram. O professor levava tantos instrumentos que encheram a carruagem que
os conduziria até o trem. O apaixonado Axel se despediu de Grauben e iniciaram
a viagem propriamente dita. Pegaram logo depois um barco e após desembarcarem mais
uma vez se utilizaram de outro trem, numa nova rota. Chegando a Dinamarca, só
esperaram uma próxima embarcação para chegarem a um novo destino. Enquanto foram
conhecer as particularidades e belezas da cidade.
Após se instalarem, chegou
então, o dia da partida. Embarcaram a bordo do barco Valquíria. O professor Lidenbrock levava consigo cartas de
recomendação para as principais autoridades da Islândia, cortesias do professor
Thomson, velho conhecido da Dinamarca. Viajavam, portanto, para Reykjavik e até
lá seria cerca de dez dias, alertou o capitão Bjarne. Finalmente o navio
ancorou na Baia de Reykjavik. Após sair do barco, o professor rapidamente
apontou e mostrou a Axel uma montanha de duas pontas, era o objetivo final, o
Sneffels. Enquanto Lidenbrock foi a Biblioteca da cidade ver se encontrava
algum manuscrito de Saknussemm, Axel procurou andar pelas ruas para conhecer
melhor aquela cidade.
Já na casa do Sr.
Fridriksson, após o jantar, o professor indagou sobre as obras de Saknussemm e
obteve como resposta que não havia obras do referido autor nem na Islândia e
nem em lugar nenhum do mundo, uma vez que, fora perseguido por heresia em 1573
e teve todas as suas obras queimadas. Daí o professor concluiu o porquê de
aquele texto ter sido escrito de forma enigmática e ter ido parar tão longe.
Antes de dormirem o
professor Islandês disse para o alemão (Lidenbrock) que providenciaria no dia
seguinte um ótimo guia para acompanhá-los até a cratera do Snelffels. E no dia
seguinte o tio de Axel já estava a falar detalhadamente e em dinamarquês com o
caçador, que seria o guia. Segundo o guia, Hans Bjelke, seriam cerca de dois
dias para chegarem a uma aldeia (Stapi) perto da montanha. Porém, em se
tratando de milhas dinamarquesas, na verdade, seriam sete ou oito dias, ainda
assim indo a cavalo.
Além de instrumentos
científicos, levavam bastantes ferramentas e comida, coisas estas, inúteis caso
se concretizasse a descida ao centro da terra, onde a temperatura é
extremamente quente, penso eu. E depois de tanto caminharem, Axel procurava
tirar proveito daquela “excursão”, pois ainda queria acreditar que não iriam se
aventurar ao Centro da Terra. Uma vez
que chegar até o pico do vulcão era uma coisa e adentrar à sua cratera era
outra, muito mais ousada e apenas hipoteticamente aceita.
Já viajavam há duas horas
da capital Reykjavick e somente agora passavam por algumas casas, onde pararam
por meia hora para almoçar e descansar, enquanto o guia alertou sobre o lugar
onde passariam a noite, Gardar. Três horas mais tarde, foi dado o descanso aos
cavalos. Às quatro horas da tarde já haviam percorrido quatro milhas. Após
atravessarem as águas do Fiorde, se estabeleceram na casa de um camponês, que
possuía uma adorável família, constituída por 19 filhos e a esposa. A
arquitetura da casa era bastante curiosa, coisa da Islândia. No dia seguinte
continuaram a viajar e à medida que andavam, mais solo deserto encontravam.
A viagem constituía-se,
portanto, de dias bastante cansativos e noites tornadas agradáveis justamente
por causa do estresse e da necessidade de repor energias. Eles andavam por
terrenos encobertos de lava, sinal de força natural sobre o relevo, algo que media
a capacidade do interior da terra, em transformar, até mesmo sua superfície. E
depois de tantas aventuras, estavam finalmente aos pés da imensa montanha, que
o professor sonhava em domar, sendo que, com a convicção da realidade.
Se instalaram na casa do
pároco. Um local não mais agradável que os anteriores. Daí em diante os cavalos
não iriam mais, então o guia, Hans, contratou três islandeses para subirem com
as bagagens, isto é, a tralhas do professor.
Axel começava a se
preocupar de verdade, pois imaginava, caso adentrassem ao vulcão, que poderiam
se perder nas suas diversas lacunas e mais, quem garantia que o vulcão estava
dormindo? Ora, só por que ele não estava em erupção desde 1229 (há seiscentos
anos) não significaria sua extinção! O professor tentou explicar ao seu
sobrinho que para haver erupções, ocorreriam alguns sintomas comuns, não
constatados até então, garantia de trabalho seguro. Passava segurança com
explicações científicas. Tinha certeza que a Ciência, quando explica, já é
suficiente e não abre espaços para interrogações.
Subiam para o Sneffels por
um caminho minimamente estreito e após três horas de caminhada dura, estavam
apenas ao pé da montanha, pois, antes andavam por terrenos massacrados pelas
antigas erupções vulcânicas. Começaram a subir, numa inclinação extraordinária.
Viam-se apenas as brumas da neve encobrindo o pico do suntuoso complexo
montanhoso. E depois de tantos sustos, típicos de uma escalada daquela
qualidade, ainda estavam a mil e quinhentos pés de chegarem ao local objetivado.
Finalmente chegaram, quando o Sol, praticamente, não se fazia presente da
Islândia, ou seja, por volta de onze horas da noite.
No final deste capítulo os
personagens haviam atingido o pico no monte Sneffels, daí em diante parece-nos
que a aventura será maior, pois transitarão por lugares desconhecidos, onde nem
guias saberão por aonde ir facilmente. Mas arriscaria um palpite, tendo em
mente (a partir do que conhecemos ou supomos hipoteticamente ou até
empiricamente) sobre as condições do centro da terra, apontadas pela ciência ou
não: acredito que não chegarão ao objetivo final, almejado pelo audacioso e
astuto, além de perseverante professor Lidenbrock e o nem tanto empolgado e nem
tanto espontâneo Axel.
Estavam, portanto, no cume
do Sneffels, diante dos seus dois
pios, um ao Sul e outro ao Norte. E aí começaram a descer, rumo ao interior,
através de uma fenda enorme que levava ao fundo do “vulcão adormecido”.
No fundo da cratera
existia uma inscrição, feita supostamente por Arne Saknussemm, o que levou
Lidenbrock a crer ainda mais na proposta que se dispusera a efetivar.
Havia três caminhos, onde,
provavelmente só um fora trilhado pelo alquimista, restava adivinhar ou supor
qual. E só a luz solar indicaria, através da sombra, qual o caminho correto,
restava, portanto, esperar o Sol aparecer.
Finalmente, no dia 28 de
Julho o Sol aparecera e despontara seus raios.
Após a confirmação de o
caminho a seguir, eles começaram a descer, abismo abaixo, todos amarrados por
cordas fixadas nas fendas das lavas. Algum tempo depois haviam chegado a um
rochedo na superfície. Logo depois desceram mais duzentos pés, onde a escuridão
era cada vez mais acentuada.
Chegaram ao fundo da
chaminé perpendicular, Axel calculou a descida em cerca de dois mil e
oitocentos pés.
Todo este percurso, na
verdade, não representava sequer uma polegada adentro da terra, estavam apenas
no nível do mar, pois tiveram que subir até o cume do vulcão, logo, teriam que
descer e daí adentrarem ao centro da terra.
Deram com uma
encruzilhada. Por qual caminho enveredar? O professor astutamente definiu como
melhor opção o caminho a Leste. Axel dava-se conta que em vez de descer estavam
subindo, o que deixou seu tio perplexo. Por fim deram-se conta que o caminho
das lavas fora abandonado no momento da escolha anterior e que, talvez,
estivessem na trilha errada. Sem contar na escassez de água percebido há
tempos.
Chegaram ao fim do
percurso, um local se saída por nenhum dos lados. Restava, portanto, retornar
ao local onde se abriam os dois caminhos opcionais. Teriam que ter muito mais
força e contar com água suficiente, o que era bastante incerto.
Faltou a água no primeiro
dia de retrocesso à encruzilhada. Tudo levava a crer que só retornar era a
melhor opção, mas Lidenbrock recusava-se a realizar tal ação, pois pensava que
se abandonasse naquele instante jamais completaria tal objetivo.
Lidenbrock sugeriu mais um
dia de expedição e se não encontrassem água retornariam. Axel aceitou.
Estavam todos extremamente
esgotados, não tinham forças para continuar e muito menos para retornar. Então
morreriam a caminho do interior da terra? Ótimo, seriam poucos, que como eles,
ficariam enterrados a mais de sete palmos da superfície!
Mas as coisas mudaram.
Hans supostamente encontrou água. Andaram dois mil metros a procura da mesma e
nada encontraram com facilidade. Pararam onde o ruído da água parecia mais
forte, mais próximo. Hans começou a cavar a parede de espessura grossa e dura
da rocha. A água jorrou a ponto de atingir a parede oposta. Axel se lançou
sobre ela e constatou que era muito quente, a cerca de cem graus e ainda
apresentava uma cor e odor ferruginoso.
Deixaram a água esfriar
por certo tempo e saciaram a sede. Decidiram continuar. E mais, seguir o
caminho realizado pela água que descia rapidamente, isto é, iriam segui-la.
Intrigava ao professor a
horizontalidade do percurso, uma vez que, para se descer era preciso haver
verticalidade. Na medida em que andavam, Axel calculava que estavam a cerca de
cinco léguas abaixo do nível do mar. E no dia seguinte, quinze de Julho, e já estavam
uma légua a mais. Andando tanto em linha horizontal, constatou-se que, não
estavam mais em terras islandesas e sim, sob o Oceano Atlântico.
Segundo os cálculos do
professor, já estavam a oitenta e cinco léguas da base do Sneffels. As
condições do ambiente iam de encontro às famosas teorias de grandes gênios, ou
seja, dos grandes formuladores de teorias. Como por exemplo: a temperatura
mortal naquele ponto em que estavam não existia.
Mais uma vez os cálculos
foram desanimadores, pois teriam que andar dois mil dias (perto de cinco anos)
para chegarem ao centro da terra. Se chegassem!
Não se pode negar o efeito
prazeroso que o texto nos transmite, uma vez que é descritivamente fantástico,
pois quando o lemos ele nos faz visualizar tudo detalhadamente. Muitas vezes
nos permite sentir o cheiro do local, perceber a aspereza ou a maciez do chão e
das paredes rochosas. E mais, nos faz visualizar com nitidez a cor dos objetos
da matéria em si, o dourado do Sol sobre as rochas que revelam a evolução
geológica que o Planeta sofreu até tornar-se o que é hoje. Talvez, o Planeta já
tenha evoluído até o seu máximo e, por causa da degradação que o ser humano
causa, ele esteja em retrocesso, isto é, voltando ao caos.
Hans (o guia) mostrava-se
cada vez mais útil, realizava ações que jamais os outros dois “aventureiros”
realizariam.
E já estavam a sete de
Agosto, numa profundidade de trinta léguas, ou seja, a duzentas léguas da
Islândia. E foi neste contexto que Axel se perdeu dos seus companheiros e após
retroceder bastante no caminho, percebeu que já não estava na trilha do fio de
água se derramava involuntariamente.
Axel estava sem
perspectivas e chegou a pronunciar tal afirmação: Não posso descrever o meu desespero. Nenhuma palavra da língua humana
poderia exprimir os meus sentimentos. Estava enterrado vivo com a perspectiva
de morrer de fome e de sede.
E bastante atordoado
pensou mil coisas e possibilidades de sair dali. A melhor opção era subir
novamente. Vagando nos túneis chegou num local sem saída. E para completar a
lanterna caiu e danificou-se. A luz esvaiu-se ele ficou numa escuridão extrema.
Axel perdeu as forças e
caiu inerte sobre o chão.
Começou a perceber vozes,
conduzidas por uma densa camada rochosa e, foi por este recurso que ele conversou
com seu tio. Lidenbrock pediu que ele tivesse calma, coragem. Porém, souberam a
partir da cronometragem que estavam bastante distantes e que Axel, deveria na
verdade, descer para encontrar o tio.
Cerca de uma légua e meia e um oitavo os separava. Axel escorregava mais
do que andava e chegou a cair num fundo buraco, desmaiando.
Quando acordou, Lidenbrock
estava ao seu lado.
Estavam à beira mar. Que
espanto para Axel! O Mar Lidenbrock, batizado por ele mesmo. Era como uma
gigante caverna que iluminava magicamente um oceano. A própria imaginação era
impotente diante da imensidão daquilo tudo. Depois de oitenta e sete dias
aprisionados em galerias e grutas, estavam num local de oxigenação abundante.
Essa região subterrânea possuía uma floresta de cogumelos, além de tantas
outras espécies vegetais. Possuía também fósseis de animais.
Lidenbrock era um
cientista que não cultuava do mito da ciência, pois tinha consciência que esta
não é um saber absoluto e dizia: a
ciência, meu rapaz, é feita de erros, mas de erros que é bom cometer, pois
conduzem à verdade.
Estavam a uma profundidade
de trinta e cinco léguas. Mais precisamente abaixo do pólo. A essa altura Hans
já construía uma jangada para se lançarem ao mar. Ela foi lançada ao mar e
flutuou perfeitamente.
Embarcaram no dia 13 de
Agosto. E foi dado ao porto o nome de Grauben. A essa altura já foram nomeados
o rio de água fervente aberto por Hans que recebeu o nome de Hans Bach e o
Oceano Lidenbrock.
Axel foi encarregado de
escrever o diário da nova etapa da aventura. Enquanto isso, Hans lança o anzol
e após duas horas começa a fisgar peixes de uma espécie já extinta e desprovida
de aparelho visual.
Axel começa a ter
imaginações incríveis, chegando a entrar em estado de alucinação, porém é à
realidade pelos seus companheiros.
Já estavam no terceiro dia
de navegação e o professor preocupou-se. Teria ele se desviado do objetivo
proposto de principio?
A picareta foi jogada no
mar através de uma corda para verificar a profundidade, mas não tocou o fundo.
Quando foi puxada estava com marcas de dentes fortes. Haveria, então, um
monstro antediluviano naquela profundeza? Sim, apareceram dois monstros enormes
e furiosos, um enorme crocodilo e uma feroz serpente, que lutaram entre si e os
aventureis sequer foram percebidos.
Navegavam a uma velocidade
de três léguas e meia por hora, no auge do dia 20 de Agosto. Neste percurso
encontraram um enorme gêiser e não foram envolvidos por ele, por causa da
serventia de uma ilha, avistada por Hans.
No dia seguinte estavam
afastados da ilha que recebeu o nome de Axel. Enquanto forma-se uma grande
tempestade na atmosfera daquele oceano envolvido por muralhas de pedra. E agora
quem dava as ordens eram os trovões, os relâmpagos e os furacões endoidecidos.
A natureza mostrava sua força e sua superioridade indiscutível.
Empurrados por esta
tempestade, pararam a mais de duzentas milhas do ilhéu. Voltaram a si nos
rochedos. Hans colocou-os protegidos e tentou recolher o que sobrou daquele
potente naufrágio. Lidenbrock deixou claro que ainda queria ir ao Centro da
Terra.
Uma surpresa! Ao examinar
a bússola, constatou-se que o mar havia os jogado na mesma margem do ponto de
partida, isto é, próximo ao porto Grauben.
Tinham, portanto, recuado
em vez de avançar. No dia seguinte, após os reparos na jangada, a teimosia do
professor ordenou que eles entrariam no mar novamente. E andando para encontrar
o melhor local de embarque, encontraram um enorme cemitério de animais
pré-históricos e o professor, assustadamente, encontra um crânio, isto mesmo,
um crânio humano.
Segundo aquele professor,
aquele cadáver evidenciava novamente e com veemência a existência do homem da
época quaternária.
Na verdade, não existia
apenas um corpo, mas vários corpos intactos, acompanhados de objetos feitos por
eles mesmos.
Nas florestas ausentes de
luz solar, as folhas eram sem cor e as flores pareciam de papel, sem cor e sem
cheiro, mas, ali, nas entranhas da mata estavam os animais ferozes, não
fósseis, mas essencialmente vivos. Mais assustados ficaram quando viram um homem
guardando aquele rebanho de mastodonte. Este homem tinha estrutura acima de 12 pés.
Encontraram na areia um
punhal, que não pertencia a nenhum dos aventureiros, muito menos ao habitante
antediluviano, pois a arma era de aço, do século XVI. Com isso chegaram a
conclusão, logo depois de encontrar as seguinte inscrição no mármore (A.S.),
que a arma pertencia a Arne Saknussemm.
Isso provara a existência
do viajante e sua respectiva viagem.
Começaram a descer por uma
galeria próxima à inserção de Arne Saknussemm. Mas, logo adiante a galeria
estava obstruída por um grande bloco de pedra, deixando-os sem condições de ir
adiante. Prepararam então uma boa quantidade de pólvora para explodir o bloco
de rocha. Já estavam no dia 27 de Agosto. Axel foi responsabilizado para atear
fogo na mecha de pólvora. A explosão provocou um abismo que fez com as águas do
mar se jogassem, arrastando com ela todos eles para uma enorme bifurcação. A
bordo da jangada, desciam velozmente para um abismo, aparentemente, infinito.
As águas encheram um poço
estreito e começaram a subir de nível rapidamente. As paredes rochosas estavam
bastante quentes e a água em fervura, além da temperatura que estava
praticamente insuportável. Comeram o resto de alimento que havia sobrado, pois
precisavam estar fortes caso houvesse alguma esperança, isto é, se tivessem que
fazer algum esforço para se salvarem.
Todas as evidências
garantiam que eles estavam na rota de um vulcão eruptivo. Finalmente iriam
retornar à superfície, porém, envolvidos por lavas, ou melhor, em estado
gasoso.
Mas, inexplicavelmente
foram lançados para a superfície, porém se encontravam sob um sol escaldante,
nada de polo, ou de neve, etc. Não reconheceram o local onde foram expelidos,
mas procuraram se afastar da montanha rochosa e chegaram a um campo de
frutíferas abundantes e saborearam sem se preocupar.
Apareceu uma criança entre
as oliveiras. Após muita tentativa de comunicação, chegaram à conclusão de que
estavam em terras mediterrâneas, a mil e duzentas léguas do Sneffels. Estavam,
portanto, sob o céu da Sicília.
Estavam de volta à
Hamburgo no dia 09 de Setembro. Onde foram recebidos com festa.
O erro da bússola fora
descoberto após certo tempo, por acaso, quando Axel percebeu que ela estava com
o ponteiro indicado para o Sul (defeito este provocado pela bola de fogo que a
atingiu na tempestade do Mar Lidenbrock).
Numa análise, detectamos
que o texto de Júlio Verne é realmente fantástico, no sentido do talento do
autor em escrever coisas imaginativas, porém, sempre embasado nas concepções e
descobertas científicas, daí ser um texto de ficção científica. Notamos também
que se trata de um texto divisor de águas, na vertente literária da ficção
científica. Literatura esta que nos leva a um mundo de imaginação amadurecida e
rica, repleto de mistérios, pois é isto que o mundo é, um eterno mistério.
Júlio Verne é espetacular na descrição dos lugares que vê, levando-nos a vê-los
com a mesma nitidez e veracidade. Porém, trata-se de uma viagem ao centro da
terra, algo jamais feito, pois a terra é um corpo no universo ainda
impenetrável até seu centro e inconquistável por completo, por que se trata de
um planeta vivo e que não é meramente fácil de ser explorado, ele exige certas
regras, estas naturais, mais que se quebradas podem representar danos sérios à
humanidade, como já vem ocorrendo.
É realmente uma pena, uma história tão cheia de
detalhes, não terminar relatando o objetivo alcançado. Objetivo este que
permeia toda a história, toda a ação descritiva do texto. Mas, como o autor
mostrou-se de uma imaginação “estupidamente grande”, parece-nos que desde o
início ele já sabia que tal façanha seria impossível, isto é, chegar ao Centro
da Terra e, pior que isso, de lá retornar para contar aos outros co-humanos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário