Temporalis / Associação Brasileira de
Ensino e Pesquisa em Serviço Social.
Ano 2, n°. 3 (jan./jul. 2001). Brasília: ABEPSS, Grafline,
2001. 88 p.
Maria
Carmelita Yazbek
“Aqui
faz-se a análise da pobreza e da exclusão social como algumas das resultantes
da questão social que permeiam a vida das classes subalternas em nossa
sociedade e com as quais nos defrontamos cotidianamente em nossa prática
profissional”. (p. 33)
“A
lógica contemporânea de reprodução de capital, subordinada a um mercado sem
limites e sem fronteiras sociais, vem produzindo ‘o caminho da
irresponsabilidade global’ e construindo uma trama social na qual ‘rompem-se as
regulações que bem ou mal, ordenavam a desigualdade’ constitutiva do capitalismo”.
(Idem)
Aqui
parte-se do debate acumulado no âmbito do Serviço Social que situa a questão
social como elemento central na relação entre profissão e realidade.
“A
pobreza é um fenômeno multidimensional, é categoria política que implica
crescimentos no plano espiritual, no campo dos direitos, das possibilidades e
esperanças”. (p. 34)
“A
pobreza é uma face do descarte de mão de obra barata, que faz parte da expansão
capitalista”. (p. 35)
“Há
um contexto de subalternização do trabalho à ordem do mercado e de montagem de
direitos sociais e trabalhistas”. (Idem)
“O
aviltamento do trabalho, o desemprego, os empregados de modo precário e
intermitente, os que se tornaram não empregáveis e supérfluos, a debilidade da
saúde, o desconforto da moradia precária e insalubre, a alimentação
insuficiente, a fome, a fadiga, a ignorância, a resignação, a revolta, a tensão
e o medo são sinais que muitas vezes anunciam os limites da condição de vida
dos excluídos e subalternizados na sociedade”. (Idem)
“Onde
antes o discurso da cidadania e dos direitos tinha algum lugar ou pertinência
no cenário público, é hoje ocupado pelo discurso humanitário da filantropia”. (Idem)
“Os
liberais entendem necessária a filantropia revisitada, a ação humanitária, o
dever moral de assistir aos pobres, desde que esse não se transforme em direito
ou em políticas públicas dirigidas à justiça e à igualdade”. (p. 36)
“As
seqüelas na questão social expressas na pobreza, na exclusão e na
subalternidade de grande parte dos brasileiros, tornam-se alvo de ações
solidárias e da filantropia revisitada”. (Idem)
“A
despolitização, que ao lado da destituição do caráter público dos direitos dos
pobres e dos excluídos em nossa sociedade está na base do atual sucateamento
dos serviços públicos, da desqualificação de políticas sociais, da destituição
dos direitos trabalhistas e sociais e da privatização e refilantropização na
abordagem da questão social”. (Idem)
Hoje,
busca-se um modelo de Estado que reduz suas intervenções no campo social e que
apela à solidariedade social.
“Aparece
com força a defesa de alternativas privatistas para a questão social,
envolvendo a família, as organizações sociais e a comunidade. Esta defesa é
legitimada pelo renascimento dos ideais liberais que referendam a
desigualdade”. (p. 37)
“Difícil é a passagem de nossa compreensão
teórico-metodológica, totalizante e ontológica da vida social, das relações
sociais, da questão social, para a compreensão desse homem com que nos
deparamos na vida de todo dia nas mais diversas situações”. (p. 38/39)