DESCANSO PARA LOUCURA: Coletânea de Poesias - APSEF - ano 2005

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sábado, 2 de fevereiro de 2013

Coletânea de Poesias - APSEF - ano 2005

1º lugar

AUSÊNCIA
Alcides Bustillos Villafam - RJ

Eu te esperava no crepúsculo do dia
Saltitante de alegria,
Saboreava cedo ainda,
O doce vinho tinto de lembranças,
No palpitar alucinante de coração apaixonado.
A hora era chegada,
Na visão de tua demora
O ar opressivo se tornara.
Um denso pressentimento minha alma sufocava,
Transbordante ainda... de rubras esperanças.
Calmo, todavia,
Repetia, até o ilusório convencimento,
Que a demora era... apenas um sutil vestígio da mulher amada.
O tempo, porém, murchava inexorável,
Destruindo sem piedade as pálidas esperanças.
Um frio tenebroso serpenteou impetuoso
Pelo dorso do corpo.
O medo com gosto amargo ocupou todos os espaços.
O desespero pelos poros escorria impregnando-se nas coisas
E as coisas apareciam assustadoras.
De instante em instante
O relógio inquisidor demarcava em seu tique-taque torturante
A agonia do tempo derradeiro.
Já então, o pressentimento era verdade
A tua ausência.... pavorosa presença de fantasma encarnado.
Trêmulo, de boca seca, a garganta estrangulada
E o coração até as têmporas batendo.
Minha alma minguada de dor e cansaço
Não mais suportava o peso de tua ausência.
Era... já noite adentro
Vazio de vozes ambulantes.
Na visão lúgubre da alcova encharcada
De fina umidade congelada na fria solidão,
Ecoavam entre paredes impermeáveis
Restos insensatos de cadavéricas esperanças.
Um grito de dor e abandono abafados
Um choro seco e contido
Um coração sangrando
... eis o que sobrara de mim
E ainda forças tive, diminutas, no entanto, e raiva tive
Que impotente se perdera na escuridão da noite.
Como o tempo permanecera triste
Quando a ausência se petrificara no horizonte!


2º lugar

RAÍZES DO AMOR
Ubiracy da Silva Lima - PA

Quando uma lágrima umedecer teus olhos
Por alguém que partiu, sem mais voltar
Guarda na lembrança; um sorriso,
Guarda na boca; o gosto de um beijo,
Um gesto, um carinho; no teu coração,
A saudade nada mais é, que raízes do amor,
Mesmo fragmentadas, são células do renascer,
O amor brotará outra vez, após fenecer,
Com mais vigor, estável, sólido, belo e perene
O amor não te faltará, não tire deixes abater,
Quando não mais tiveres a quem oferecê-lo,
Armazena-o no mais profundo do teu coração,
Quando eclodir, um novo amor vai surgir
Fecundarás outras amantes, fertilizando a vida
É a primeira retornando com todo o brilho das cores
É a vida recomeçando.


3º lugar

TEMPO
Mª Aparecida Fernandes P. Leme - RN

Tempo que passa que voa
No vendával das ilusões
Levando de roldão as emoções
Num lampejo que se escoa.

No seu andar de pressa
Deixa no caminho perdidas
Almas tristes e sofridas
Pois sua rapidez não há quem meça.

E na voz corrida
Em que o presente já é passado
E o futuro se mostra apressado
Tira-nos o senso de medida.

Atropela desejo e ambição
No turbilhão do viver deixa
Mágoa arrependimento e queixa
E se proclama o senhor da razão.

E nessa passagem de desamor
A todos nos lança
Num moedor de esperança
E dos sonhos se faz o destruidor.

Disponível em:
Coletâneas de Poesias/ Associação Nacional dos Aposentados e Pensionistas do Serviço Público Federal. - Brasília: LGE Editora, 2007. 276 p.

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