DESCANSO PARA LOUCURA: Coletânea de Poesias - APSEF - ano 2002

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sábado, 2 de fevereiro de 2013

Coletânea de Poesias - APSEF - ano 2002

1º lugar

CANTORIA
José Arlindo G. de Sá - PE

Andei pelo rio Pajeú seco e quente
E assim canto o arco-íris, as iluminuras.
Canto pela correnteza, seu rumo claro e solene,
Canto as águas que descem mornas e rubras.
Tomei as areias brancas entre os dedos
Como pedras preciosas de antido e venerável veio.
As areias ocres me conduziram em segredo
Enquanto os seixos me cobriam de suor e beijos.
Descobri essa cantoria na pedra da mãe d'água
E assim canto as pedras quentes das lavadeiras.
Cabto os remendos das colchas, suas mágoas.
Canto os fios dourados de suas madeixas.
Por essas veredas caminho por largos versos,
O conúbio poético do chão em que me deito.
No dorso do astro incandescente eu regresso
E à noite me estendo em agonia no foreado leito.


2º lugar

BUSCA
Gilda Mª Guimarães Valle - RJ

Busca...Busca...O que é?
Não sei. Sei o porquê desta desdita.
Entre dúvida, a confusão e lágrimas
Sinto-me só, em meio à vida...

Não sei dizer, mas sei sentir
Sinto uma dor profunda...
Uma mágoa. Por que? De quem?
Não sei.
Quem sabe não é nada, é só fita.

Busca...Busca...Sim!
Eu tenho que encontrar.
O que? A felicidade infinita?
Não. Apenas uma palavra amiga.

Uma palavra, talvez, uma atenção.
Uma comunhão de pensamento.
A confiança enfim, quero sair desse tormento
Minha alma chora e busca a vida...


3º lugar

GRADES
Mª Stela de Carvalho Lustosa - RJ

Grades,
Terríveis grades
Da solidão.
Rostos amigos, inimigos, que sei?

Pressa de chegar,
Chegar aonde?
Gente correndo,
Gente sofrendo.
Prisão.

Prisão do tempo,
Falta de tempo,
Tempo demais
Sem fazer nada,
E tanto pra fazer!

Medo, insegurança,
Angústia,
Barulho,
Muito barulho
Nas ruas desertas
De almas, de gente.

Vazio
Nas coisas.
Vazio nos rostos.
Máscaras estampadas.
Não vejo almas.

Só vejo coisas.
Fome
Escondida
No esgar das bocas.
Riso parado,
Palavra oculta
Pudor.
Vergonha de sentir.


Nuas passam
As mulheres,
Nuas estão as almas.
Tudo é vergonha.

Medo de sentir,
Medo de gritar,
Medo de falar.
Prisão
Grades
Solidão.



Disponível em:
Coletâneas de Poesias/ Associação Nacional dos Aposentados e Pensionistas do Serviço Público Federal. - Brasília: LGE Editora, 2007. 276 p.

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