1. A
prática como trabalho e a inserção do Assistente Social em processos de
trabalho.
Um dos problemas
envolvidos na questão de formular o currículo mínimo para o Assistente Social,
está em elaborar uma base que constitua o Serviço Social na sociedade. Fundamentar
o currículo do Assistente Social é uma tarefa que deve ser feita a partir de
uma apreensão de duplo ângulo: abordar a profissão como resultante da história
ou como tendo se desenvolvido a partir das forças sectárias (relativo à seita).
Não devemos, esquecer, no entanto, os componentes envolvidos nesta profissão:
os profissionais que trazem consigo, muitos outros conhecimentos e que devem
encontrar meios de utilizá-los dentro de sua profissão. Além disso, deve se
considerar a influência marcante da história da sociedade, enfim, todas as
partes são formadoras do todo.
É importantíssimo destacar
que o Assistente Social trabalha com pessoas, com a sociedade, seja a partir de
um âmbito público ou privado.
Mais importante do que
perceber as desigualdades sociais que aí estão, é decifrar a gênese das desigualdades sociais, isto
é, perceber que a natureza das desigualdades está sendo resultante de tantas
outras precariedades e injustiças, quer dizer, advindas de uma série de
problemas sociais, dentre eles concentração de renda, impunidade pública, falta
de compromisso político e muito mais.
Querendo sair um pouco da
concepção alienante de trabalho, alguns teóricos veem que é melhor definir esta
profissão como uma prática na sociedade, uma “práxis social”, na tentativa de
mediatizar a relação entre o exercício do Serviço Social e a prática da
sociedade. Mas, a definição de trabalho ainda norteia um pouco, também, a
concepção do Assistente Social, sendo este entendido como atividade fundamental
do homem.
É bom salientar a
importância de o profissional de Assistência Social estar sempre inserido no
contexto dos debates acerca das necessidades e dos anseios do cenário social,
“objeto” de trabalho dos Assistentes e tantos outros que eventualmente atuem
nesta área.
2. Rumos
ético-políticos do trabalho profissional.
O maior desafio é
descobrir os rumos que a profissão deverá seguir, acompanhando as mudanças da
atualidade, que venham a atender à sociedade e aos mecanismos que atuam na área
social. Isto é, colocar o Serviço Social na dinâmica entre a Sociedade Civil e
o Estado.
Já que apreender o
contexto social é uma tarefa de apreender os sujeitos que nela vivenciam e que
dela são resultados, é preciso, então, que o Assistente Social conheça de perto
a realidade social para não tornar-se um alheio, alienado aos seus sujeitos de
trabalho e por que não dizer de estudo? Pois, intervir na realidade social dos
indivíduos requer conhecê-los e saber onde se encontra a raiz de seus
problemas.
É necessário que os
preceitos éticos do Código de Ética sejam encarados não somente como períodos
teóricos e abstratos, isto é, conceitos idealizadores e irreais, é preciso que
o encaremos como resultantes de um estudo a partir do real, do concreto e que
eles servem para mediar e assessorar a prática deste profissional com a maior
seriedade possível e a transparência que se requer em qualquer outra área de
atuação.
Redirecionar as devidas
responsabilidades do Assistente Social e a correta atuação dele significa
acompanhar de perto as transformações socioeconômicas e encontrar-se centrado
numa dimensão concreta, num retalho amplo da realidade, que dê total respaldo a
boa atuação e consequentemente a satisfatória assistência, merecida a todos.
3. O
redirecionamento da profissão: o mercado e as condições de trabalho.
A autora mostra que
pesquisas veem mapeando a quantidade de profissionais e suas respectivas áreas
de atuação. Sendo que é o setor publico quem mais emprega, na sequência
estadual e municipal, respectivamente, sendo que a área de saúde é quem mais
emprega, principalmente depois da implantação do SUS. Mesmo havendo esse
interesse pela atuação desses profissionais, há também, a forte precarização e
a redução dos concursos públicos, dentre outros tantos incentivos que são
assegurados por lei e não estão sendo cumpridos.
Ganharam ênfase nas
Políticas Sociais os mecanismos que vão desde a questão dos Conselhos de Saúde
até a Assistência Social de Crianças, Adolescentes e Idosos. Outros meios de
trabalho que deram bastante importância aos assistentes sociais, foram a
criação dos Conselhos Municipais, que são diversos e abrangem uma infinidade de
movimentos e mobilizações sociais.
A autora nos chama a
atenção para a gestão social pública, ou gerência publica, dando total destaque
ao profissionalismo qualitativo, isto é, a qualificação sobre o diploma, onde
envolve vários profissionais da área de humanas, empenhados em tornar o
Assistente Social um profissional como outro qualquer.
Todo o conhecimento das
Políticas Públicas e suas exigências e trâmites, faz com que seja melhorado o
atendimento ao cidadão e deste modo contribua, não só com o desenvolvimento
humano, mas também com o econômico. E outro ponto importante, a transparência
dos serviços públicos.
É chamada a nossa atenção
no que diz respeito à integração entre sociedade civil e organizações
não governamentais em parceria com o Estado, formulando programas e projetos
para as áreas que vão desde a Habitação familiar até a Violência na família. Atualmente,
também, surgem os interesses de Filantropia, onde o empresariado procura se
inserir no campo da assistência social, querendo assim, se redimir de outras
responsabilidades fiscais, dentre outros benefícios. Quando sabemos que em
troca eles querem que seus produtos sejam vistos com bons olhos pela sociedade
e deste modo, haja um maior consumo, enfim somente o lucro é mais interessante.
Um exemplo “fantástico” que nos é dado é o da Fundação Abrinq, que comporta
2.500 empresas “Amigas da Criança”, assim elas investem na qualidade das
crianças da mesma forma que investe na qualidade dos produtos que vão ao
mercado. Dentre elas citemos: a Fundação Bradesco e a Natura. Outras trilham
pela preservação do meio ecológico, é o caso da empresa Boticário, mas em todos
os casos e “preocupações” se trata, inicialmente, de aplicar uma “injeção” de Marketing em seus produtos e adquirir
bem mais faturamentos. No ápice, o empresariado busca mesmo é o aumento da
eficiência, da eficácia e da rentabilidade de suas empresas. Deste modo, sempre
sobressai o fator privado sobre o publico e continua a lógica subordinante;
noutra perspectiva, há a seleção de áreas beneficiadas e de empresas que “apostam”
mais.
Sem sombra de dúvidas, a
área de Recursos Humanos representa, atualmente, um amplo campo de atuação do
profissional da assistência. São requisitados para atuar nos programas de
qualidade de vida no trabalho, passando por saúde e prevenção de acidentes do
trabalhador, aí se encaminha para a questão do gerenciamento participativo e
desemboca no sindicalismo e, deste modo, “satisfaz” a todos, “gregos e troianos”. E para tudo isso e
muito mais, é exigido do Assistente Social bastante conhecimento, reciclagens e
capacitações que atendam a necessidade da vida social, mas também a exigência
dos setores contratantes.
4. Em
busca da consolidação do projeto ético-político do serviço Social na
contemporaneidade.
É evidente que a profissão
perdeu muito do seu caráter mais humanitário e, está hoje, envolvida na
idolatria da moeda, no fetiche do consumo e no individualismo que a época pede,
aliás, poucas são as coisas que não se deixam levar pelas novidades e
exigências da realidade que se transforma a cada segundo. Por isso, os
princípios éticos e políticos, humanos e mais solidários estão um pouco
afastados desta e de tantas outras profissões que cercam a sociedade humana. A
autora coloca a grande importância de remarmos contra essas marés e andarmos no
contra vento, na tentativa de recuperarmos um pouco do que foi perdido: a
intenção desinteressada de criar boas condições de vida, independente do
“apoio” de uma ONG, de uma Empresa, ou qualquer outro organismo; é preciso que
façamos e cumpramos nossas responsabilidades em nome do que pede o
profissionalismo e o nosso código de ética, que valoriza, indistintamente, o
ser humano, o lado mais humano da vida.
Devemos ter em mente que a
luta constante deve ser contra as formas de preconceito, a discriminação e as
exclusões, buscando a integração, o respeito às diferenças e a igualdade acima
de tudo. É extremamente necessário, então, que conheçamos a realidade “nua e
crua”, como se diz, para que possamos agir com legitimidade e, para isso,
devemos nos debruçar nas pesquisas sérias e bem embasadas em dados reais e
concretos, conhecidos e vistos, não apenas estatística e números, mas
necessariamente fatos e casos, para podermos efetivar a superação do que
mencionamos anteriormente.
Devemos, no entanto, junto
com a área política competente e a sociedade, lutar pela plenitude da cidadania
e da democracia, com ênfase de respeito ao social e ao cultural em favor dos
interesses coletivos, familiares, enfim que façam interagir melhor Estado e
Sociedade. É muito importante estreitar os laços entre o Assistente Social é o
Sujeito Humano que constitui seu fim, enquanto profissional.
Finalmente, busquemos a
perfeição. Para muitos ela é impossível, mas o empenho para chegar a ela
representa a vontade explicita de querer sempre buscar o melhor e, deste modo,
consigamos alcançar algo bastante perto da perfeição, algo que causa satisfação,
justiça e concessão de direitos.
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REFERÊNCIA
IAMAMOTO,
Marilda Villela. O Serviço Social na
Contemporaneidade: Trabalho e Formação Profissional. 3 ed. São Paulo: Cortez, 2000.
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