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Conto premiado no Concurso Prosa e Verso Luiz B.
Torres/2005, cuja colocação foi 2º Lugar.
Âmbito Municipal–Cidade de Palmeira
dos Índios/AL.
No alto de uma montanha,
existia uma bela floresta: cheia de árvores e animais variados. Dentre as
árvores a que mais se destacava era o Ipê Amarelo, por causa do seu tamanho e pela sua
beleza, principalmente na época de flores, na aclamada primavera. Porém, em
termos de animais aquela mata era considerada pobre, pois possuía apenas animais pequenos
como: besouros, insetos, borboletas, aracnídeos, animais de peçonha e outros,
enfim bichos que não a embelezavam muito, do ponto de vista superficial, aparente... Vale lembrar que muitas coisas que
parecem insignificantes, podem ser na essência, de grande valia e importância.
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Todavia, lá também existia um animal bastante feroz, era um lobo que se chamava
Meru-Negro, aquele terrível animal
alimentava-se de todas as formas de vida capazes de enriquecer a fauna e a
flora daquele lugar; mas lá existia também uma criatura muito dócil e amante da
natureza, um belo elemento natural e de aparência humana; na verdade, uma deusa que lutava contra o implacável
Meru-Negro; lutava com a força de amor, uma pureza que ela carregava, por todo aquele
lugar. A doce Melia era uma criatura necessária, pois procurava estabelecer a paz naquele pedaço de chão terrestre. Hoje em dia são inúmeros os monstros e lobos que consomem seus próximos, para os quais a semelhança é motivo de ameaça.
Borboleta 'transparente'. |
Melia já estava acostumada
a lutar contra o terrível animal e resistir a todas as suas armações, que
tentava destruir tudo, de uma vez por todas.
Certo dia ela estava sentada sobre
um dos galhos do Ipê Amarelo, que era a árvore que ela mais gostava e
justamente estava ele na época de flores: estava repleto de beleza! Logo próximo da árvore existia um belo lago de águas cristalinas, que refletiam a luz do sol. Devido ela estar mais uma vez distraída, admirando todas as belezas, foi
surpreendida com uma aparição de Meru-Negro, numa rapidez enorme, tanto quanto
uma tempestade de raios. Melia
logo ficou assustada, sabia que viria armação por trás daquele aparecimento,
então, a deusa ficou de pé sobre o galho que lhe sustentava, abriu bem suas frágeis asas que mais
pareciam de borboletas e segurou com muita firmeza o seu bastão que possuía uma
incrível pedra rústica, fixada na ponta. Melia estava preparada, então,
para qualquer ação do obcecado animal.
-O
que queres desta vez? Perguntou a deusa e acrescentou. -Sei
que só apareces para me ameaçar, a não ser a noite quando sais para destruir
tudo que aqui existe!
Meru-Negro respondeu com muito cinismo, ironia e maldade:-Só
vim para dizer que seu fim está próximo, logo logo acabarei com tudo!
-Nunca,
enquanto eu for viva nada será dominado e aniquilado por ti! Exclamou Melia, injustiçada com aquelas circunstâncias.
E o feroz animal concluiu:
-Enquanto
for viva “doce criatura", ah! ah!... E sumiu num redemoinho áspero; a varrer tudo!
Então ela ficou a pensar, tinha que
elaborar um plano para se livrar de mais uma maldade do lobo assassino, o plano
teria que ser muito bom, pois percebeu que daquela vez ele estava mais confiante
e decidido, além de conter mais maldade em seus propósitos e ações! Os humanos devem elaborar planos, pois eles são essenciais para uma
vida planejada, sem grandes decepções, portanto, é necessário firmar os pés no
chão e apoiá-los em planos, mesmo que aparentemente distantes da realidade,
pois quase tudo é possível para a capacidade humana; mas - nós humanos - precisamos refletir sobre as causas que nossos planos (ao serem realizados) poderão causar aos outros.
Melia saiu voando sobre a floresta,
conversando consigo mesma, com os animais e com as árvores, já que todos se
conheciam muito bem e ela estava em busca de inspiração para a elaboração de
seu plano, que não poderia ser igual aos outros, pois aqueles eram mais do que
conhecidos por seu oponente maior. Em certas horas deve-se abandonar a luta armada e
imperdoável, dar uma trégua ao derramamento de sangue e daí estudarem-se novas
possibilidades para vencer sem muito alarde.
Dois Cisnes a voar. |
-Pronto!
Este é o plano! Afirmou ela e continuou pensando em voz alta:-Farei
a seguinte mágica com o meu bastão: todas as vezes que Meru-Negro vier
me pegar e pegar os animais de minha floresta, ficarei bem menor, do tamanho de
uma simples borboleta, então ele não me achará e eu defenderei melhor reste
lugar. E com outra mágica, colocarei sobre esta mata um casal de Cisnes Brancos
para trazerem mais beleza e alegria, que é o que Meru-Negro mais teme!
E
fez o que realmente atinou: com um pensamento concentrado e um movimento
ensaiado com o bastão transformou flores do Ipê Amelo em Cisnes,
dois lindos cisnes que imediatamente voaram sobre os céus da montanha e pousaram nas águas
limpas do lago cristalino. A Beleza é mestra na arte de reproduzir belezas
espetaculares, portanto, não espere horrores da verdadeira beleza, assim você
estaria negando uma essência humana, a exclusividade.
-Que
lindas! Disse ela, admirada com a
exuberância das aves.
Melia avistava a partir do Ipê Amarelo, que era a árvore mais alta, quando o lobo saia da sua caverna fria e
sem vida, que ficava entre plantas secas e espinhosas, num pedaço remoto da mata.
Então, passou a diminuir de tamanho
através de sua magia e ia ao encontro dos Cisnes, sabia que quando ele não a
encontrasse tentaria devorar as aves. Meru-Negro usava todos os seus instintos
maléficos e toda sua esperteza, mas não encontrava Melia, ficava
muito irritado e ia de encontro aos Cisnes, somente para devorá-los. Ao
aproximar-se era atingido com um forte raio vermelho que lhe mandava de volta
para sua tenebrosa caverna. É certo que o infeliz animal ficava a analisar como acontecia tudo aquilo,
mas não conseguia descobrir.
O tempo passava e todas as suas
tentativas eram nulas e frustradas, Melia estava se dando bem e a
família de Cisnes já estava grande, graças a sua proteção extra.
Até que certo dia Meru-Negro usou
toda sua astúcia e maleficidade para descobrir o segredo da deusa, então fez
uma maldade estratégica e perfeita. Através de uma mágica negra ele lançava
apenas sua imagem até Melia, enquanto ficava próximo observando o que ela
fazia. E tudo aconteceu como planejado, após lançar sua imagem até Melia, ela regrediu e o atacou como de costume, mas ela atacou apenas a imagem
dele, pois ele estava atrás das rochas observando tudo. É bom dissimular certas
atitudes do inimigo, encará-lo como um desplanejado ou como alguém que quer a
qualquer preço a conquista, sendo assim não é aconselhável subestimá-lo nunca,
porque a inteligência pertence a todos.
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Descobriu tudo e logo entrou em
contato com um de seus aliados na floresta, o Aracnegro, uma aranha grande e muito má, que espalhou muito mais teias,
várias teias em pontos estratégicos para capturar a deusa quando ela ficasse
pequena. Lembre-se que até os inimigos possuem aliados, o que faz uma pessoa se
aliar a outra não é o lado em que o outro se encontra, diante da ética ou da
moral, mas necessariamente o que se oferece a ela no preenchimento do seu
interesse, desinteressada com os outros.
Tudo aconteceu assim: Meru-Negro
saiu da sua caverna, Melia o viu saindo e começou a se preparar, não
sabia que iria cair no mais novo e diabólico plano dele. Ficou pequena com sua
mágica e desceu muito rápido para proteger a grande quantidade de cisnes
brancos que já existia. Num instante trágico e inevitável, caiu nas teias
armadas por Aracnegro, não podendo reagir já que seu bastão tombou sobre o
chão. Use elementos que possam lhe
ajudar e ferramentas de utilização até permanente, mas nunca esqueça que quem
tem o potencial é você, Melia errou, entregou-se ao poder do bastão, não
reagir sem que ele estivesse em suas mãos foi um pecado, pois a força está no
interior e daí a transportamo-na para os bastões transformadores da nossa vida (os instrumentos, os símbolos, os signos etc.).
Os Cisnes perceberam algo muito
estranho, uma voz maldosa e nada interessante espalhava muitas gargalhadas e
fortes urros, então voaram e a partir daquele dia ficaram sem rumo, sem
cuidados especiais!
Melia foi capturada e presa numa pequena gaiola protegida por trevas dentro da caverna do
lobo e ele continuou agindo em nome da destruição. Sem ninguém para impedi-lo a
floresta estava ainda mais vulnerável e pouco a pouco ele foi devorando tudo,
especialmente os Cisnes, que representavam uma beleza viva e estrategicamente forjada!
Meru-Negro ainda obrigou Melia a usar as poucas forças que lhe restavam para acabar com uma magia, isto é,
para que o bastão voltasse ao tamanho normal e ele pudesse encontrá-lo com mais
facilidade, pois queria dar-lhe forças maléficas. Existem pessoas que costumam
tirar nossas forças como se, com isso, roubassem-na e ficassem assim satisfeitas,
para essas é necessário apenas dizer-lhes que a fonte das forças humanas, além
de sobrenatural é intrínseca, particular e quando se quer existem forças até
para doar sem que sejam requisitadas, apenas em cumprimento a humanidade, a solidariedade
e a amizade.
Naquela altura existia apenas um
casal de cisnes. Aqueles Cisnes perceberam a agonia do lobo para achar o bastão
da deusa, daí resolveram procurar também, “pensavam” em libertá-la. Como
podiam voar não demorou muito para encontrá-lo; após isso o esconderam em um
lugar seguro, no alto do Ipê Amarelo e tomaram cuidado na noite que seguiu para
não serem mortos por Meru-Negro.
Ao amanhecer, esperaram que o lobo
retornasse ao centro da floresta, pois a caverna ficaria apenas com Melia e eles
poderiam agir com mais calma. A vontade de ajudar aos outros é voluntária, é
uma atitude descompromissada e desinteressada, visando apenas ao bem comum; sobrevoaram em direção a caverna, o
lobo já estava na floresta; um dos Cisnes levava o bastão no bico.
Melia viu os Dois Últimos Cisnes "Brancos" voando sobre a
caverna; ela estava muito fraca, mas conseguiu ficar de pé. Um dos Cisnes deu mais
uma volta enquanto o outro vigiava se o lobo não vinha. Parceria: eis uma
palavra potencialmente de atitude coerente e essencialmente necessária para a
vida boa entre seres humanos, seja onde for, a parceria é a representação do
homem como ser comunitário e solidário.
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A caverna possuía uma abertura na
parte superior e foi por lá que um dos Cisnes soltou o bastão, que caiu direto nas
mãos de Melia. Após pegá-lo, agradeceu aos Cisnes, seus amigos, e
libertou-se da gaiola e da caverna. A libertação não é necessariamente deste
tipo, uma pessoa pode estar na carceragem e sentir-se livre no que diz respeito
à capacidade de articular pensamentos e produzir tudo que o cérebro oferece
acompanhado de sensações atribuídas, por muitos, ao coração...
A partir daquele momento ela passou a
reunir forças para travar uma luta final com Meru-Negro, que estava destruindo
tudo com seu olhar sombrio e assustador. Chegada a hora da batalha final, sem
que haja planejamento de ambas as partes, fugir da luta significaria
entregar-se, esmorecer, então deve-se recordar de suas habilidades e
potencialidades e partir para o melhor de tudo, por fim a uma revanche, mesmo
sem saber se sairá vencedor.
A criatura iluminada acolheu muita
energia em seu corpo que estava cheio de amor; ela estava enaltecida com o gesto das Aves. A recompensa para quem ajuda é
infinita e a gratidão é ainda mais valiosa e sutil, pode transformar a alma de
um ser humano desprovido de coisas tão essenciais, tornando-o um ser cheio de
amor para espalhar, contagiando e difundindo profecias e atitudes plausíveis e
verdadeiras.
O terrível animal sentiu uma
vibração muito forte de energia boa vinda da caverna, dirigiu-se para lá,
rápido como a luz sem que fosse instrumento dela; percebeu a presença dos Dois Últimos Cisnes e entendeu que Melia havia sido libertada dos seus laços medonhos, por isso
foi disposto a matá-la!
A criatura bondosa estava com uma beleza
radiante que surpreendeu o medonho animal, mas também ela foi surpreendida com um raio turvo que
saiu dos olhos do lobo, que ardia em brasas e quase a atingiu, chocou-se com a
caverna e a destruiu totalmente.
Uma grande energia saia do corpo de Melia e se reunia na pedra do seu bastão, Meru-Negro ficou
paralisado com tamanho poder e tornou-se presa fácil. Um enorme raio foi jogado em direção
a ele numa velocidade incrível que não lhe permitiu desvios, sendo atingido e
desmanchando-se totalmente em pó de areia, areia que iria a partir do tempo
recompor tudo que havia decomposto, areia que foi soprada para longe com o
vento que se originava nas asas dos Cisnes, que pousavam
para se juntarem a Melia. A vitória é digna para aqueles que lutam
por objetivos justos e não desmerecem em nenhum momento o adversário, mesmo
sabendo que o bem poderá vencer sempre.
A partir dali ela retomou suas tarefas de cuidar
da natureza e em pouco tempo tudo estava quase recuperado, os Cisnes já eram dezenas novamente,
bastantes árvores renasceram e outros animais foram acolhidos, o mal não
existia mais (...). A questão é que são poucos os Melia, os Cisnes astutos e ainda assim, alguns que existem são impedidos de exercer tamanhas bondades e
préstimos, temendo a própria morte, mas com isso acabam levando inúmeros junto
com eles para o caminho do fim prematuro.
Tudo, seja o que for que desejamos
alcançar, principalmente se for algo difícil, necessitaremos da ajuda de todos,
pois a parceria verdadeira vence todas as barreiras, mas o principal é a luta
através do gesto simples do amor, amar sem distinção.
JaloNunes.
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