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Quando tratamos de adquirir
conhecimentos, isto é, estarmos inseridos num processo educacional, vem-se em
mente a ideia de escola, sendo esta, muitas vezes, incapaz de formar cidadãos
autônomos. Quanto a Universidade, busca-se não apenas àquela que adquire e
repete informações, mas essencialmente, uma universidade que privilegie a
reflexão crítica sobre o meio. Enfim, que possa unir inteligências para criar e
produzir conhecimentos.
- A Universidade através da história
Algumas lições da história geral da universidade.
A Universidade surgiu na Antiguidade clássica, especificamente no
Ocidente, com destaque para Grécia e Roma. Nesta época o aprendizado girava em torno
do “mestre”, que conduzia seus discípulos. Porém, somente na Idade Média, ela
tornou-se efetivamente uma instância de elaboração do pensamento, contando
especialmente, com a ação da Igreja Católica. Neste período estudavam-se
basicamente as concepções Religiosas e Filosóficas.
Daí então, surge no período da Renascença, a Reforma e a Contra-Reforma e
consequentemente o advento da Idade Moderna, que favoreceram o desenvolvimento
de uma mentalidade individualista, além da ascensão científica. Porém, com a
diversidade dos modos de conhecer, ainda assim a universidade estava atrelada
as “leis dogmáticas” e via-se numa situação incompatível com a nova realidade.
A partir daí teremos o Iluminismo (XVIII) que influenciou bastante a
universidade e a levou para a linha Napoleônica, com a responsabilidade de
fornecer a aquisição de ensino profissionalizante, através das correntes
Positivista, Pragmática e Utilitarista. Nesta época, inaugurava-se a
universidade moderna e a preocupação com a pesquisa científica.
A Universidade no Brasil
O ensino universitário chegou ao Brasil com a vinda de Dom João VI para a Colônia, entretanto, a efetivação de Faculdades ou Ensino Superior só tornou-se possível em 1900. Porém, só em 1935 o “profeta” Anísio Teixeira sonhou uma universidade que oferecesse a possibilidade de debates livres, sonho este irrealizável, devido à chegada desastrosa da Ditadura Militar. Neste período a universidade brasileira apenas reproduziu conhecimentos elaborados nos grandes complexos educacionais de países desenvolvidos, todavia, não deixou morrer o sonho de construir uma universidade de alto nível e preocupada com os problemas sociais. Ela é, portanto, chamada a assumir a formação de uma personalidade realmente brasileira, com os mesmos recursos científicos das demais nações universitárias.
2. A Universidade que não queremos
Não queremos uma universidade sem o essencial, a pesquisa. Com ensino repetitivo e ausente da realidade. Muito menos uma universidade sem criatividade e que não analise problemas da sua realidade. Não àquele modelo em que o professor era o único “sujeito ativo” e os alunos balançavam a cabeça para tudo que ele dizia. Não queremos uma universidade, onde a direção-administrativa tenha vínculos que não sejam pedagógicos ou didáticos, tais como políticos, ideológicos ou dogmáticos, ou ainda privativos e assim restritos para alguns.
3. A Universidade que queremos
Queremos uma universidade composta por
pessoas adultas, capazes de refletir com autonomia, com conexão de idéias a
respeito dos vários campos da sociedade. A fim de colhermos o máximo de
informações e em todos os níveis, onde a pesquisa seja a atividade fundamental.
Uma universidade que forme profissionais com alto nível tecnológico e que,
posteriormente, façam também ciência. Queremos uma universidade que crie,
reproduza e sistematize teorias, vinculadas e efetuadas na realidade, de modo a
exercer uma consciência crítica na sociedade. Principalmente, queremos uma
universidade que partilhe da democracia, a favor dela, para melhor realizar as
lutas democráticas pelos direitos, enquanto exerce conscientemente os deveres.
ANÁLISE DO TEXTO
É notável, para qualquer leitor atento, um
grande processo de evolução, no qual a Universidade esteve envolvida no
decorrer da história. Sendo esta, reflexo da realidade e transformadora da
mesma, por isso, esteve e estará sempre envolvida com o dinamismo social.
Deste modo, detectamos com extrema
claridade e certeza que a educação, entendida aqui enquanto ensino superior, representado
na ideia de universidade, já enfrentou bastantes problemas para se firmar como
produtora de conhecimento. Se não bastassem as influências diretas das classes
hegemônicas que muitas vezes a regrediu a mero instrumento de promoção das
classes favorecidas, houve também outras coações que a tornaram repetidora e
incapaz de produzir conhecimentos próprios e úteis para a população como um
todo. Na época antiga e média vale salientar a forte pressão da igreja sobre a
forma como a universidade devia produzir conhecimentos. E após firmar-se como
centro de ensino superior em países já desenvolvidos a universidade chega ao
Brasil (já estávamos na época Moderna), porém ainda era incapaz de se auto - sustentar
nas pesquisas e assim copiava os estudos dos grandes centros.
Entretanto, vale dar crédito a vários
estudiosos de meados do século XX (tanto antes quanto depois da Ditadura
Militar) que lutaram por uma universidade autêntica e autônoma no Brasil, por
uma universidade que, de fato, produzisse conhecimentos e realizasse pesquisas
em prol do desenvolvimento social e da promoção humana, fazendo assim o
verdadeiro papel de centro de estudos, com ensino, pesquisa e extensão, o grande
tripé em que qualquer universidade de qualidade deve estar embasada.
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