O
HOMEM FAZ A SOCIEDADE OU A SOCIEDADE FAZ O HOMEM?
Desde
que a Sociologia adquiriu caráter de Ciência, começou a investigar quem era o
elemento principal, ou seja, quem detinha poder sobre o outro, no sentido de
condicionar para um determinado fim: a sociedade como estrutura de poder e
coerção sobre o homem, ou este último como ser capaz de criar e transformar a
sua vida em sociedade?
Foi
então que alguns sociólogos apresentaram a sociedade como elemento detentor de
poderes sobre as relações sociais, colocando-a numa dimensão fora da mente das
pessoas, pois assim, suas investigações estariam fora do campo da Psicologia.
Porém, outros sociólogos entenderam que é o homem que, através de sua relação
com os outros, quem domina a realidade social.
Por
fim, chegou-se a conclusão que a sociedade é tão importante quanto o indivíduo;
colocar um sobre o outro é apenas uma questão de enfatizar determinadas teorias
sociológicas e a dedução de suas concepções educacionais.
Capa de uma das edições.Disponível em: www.lamparina.com.br |
DURHKEIM
E O PENSAMENTO SOCIOLÓGICO
Émile
Durkheim (1858-1917) “vislumbrou em sua obra a existência de um ‘reino
social’”. Também chamado por ele de “reino moral”, seria o lugar dos “fenômenos
morais”, e tinha como ambientes os “ideais coletivos”, os quais seriam o lugar
de desenvolvimento da vida social.
Detectar
os estados coletivos é tarefa dos sociólogos, que devem posicionar-se como
cientistas (cientistas sociais) com laboratórios e tudo mais. O sociólogo vai
apenas conhecer o meio social, para poder “descobrir as leis da vida social”,
tendo como determinante o próprio “fator social” e não se deixar influenciar ou
ser alguma influência sobre o objeto que está sendo investigado.
Para
conhecer os fatos sociais deve-se manter uma postura intelectual, entendendo os
mesmos como “coisas”, no sentido de obter informações precisas, metodicamente
colhidas, com o auxílio da ciência, mas os fatos sociais também podem ser
reconhecidos na própria atividade comum dos homens, visto que ele exerce
imposições sobre os indivíduos, por exemplo, a leis, o casamento, a moda...
Enfim,
nossa cabeça está repleta de ideias e ideais, significa que os fatos sociais
estão inseridos na nossa cabeça, no nosso cotidiano.
A
SOCIEDADE COMEÇA NA CABEÇA DE CADA UM
É
incrível o tanto de informações nossas e alheias (dos outros indivíduos e da
própria diversidade da sociedade) trafegando como linhas cruzadas em nossa
cabeça. São informações pessoais, interpessoais e da vida social como um todo. Tento
é que podemos ser privados de viver no meio social, mas não de pensar em todas
as relações deste meio.
A
individualidade forma a coletividade, que é advinda da cooperação, ou seja, a
sociedade assim existe. Esta sociedade é como um grande “organismo” onde cada
ser humano tem sua parcela de contribuição, para formar o todo que irá
interferir sobre as partes.
Porém,
não é apenas o indivíduo no tempo presente que forma a sociedade, esta também
contem elementos importantes de gerações passadas: crenças, regras, valores. É
a partir de tais influências e do que construímos, que vivemos segundo da
“vontade da sociedade”.
A
DIFERENÇA DA SOCIEDADE
Aprendemos
segundo a vontade da sociedade, pois “fomos educados para isso”. E esse
controle que a sociedade tem conosco não é algo oco, pelo contrário, tem conteúdo:
são crenças, valores, regras, costumes promovidos por gerações passadas e
presentes, sendo difundidos pelo meio social. São infinitas regras, as quais
temos que obedecer, temos que nos adaptar para viver em comunidade.
O
meio social é produzido pela divisão do trabalho que, conforme suas
disposições, dita a forma que os indivíduos praticarão a cooperação. Segundo
Durkheim, uma das formas de fazer viver a sociedade é o consenso, digamos que ele organiza a cooperação e consequentemente
produz a vida social. Durkheim designou que quanto a disposição do trabalho há
um tipo de solidariedade. Veja: num
ambiente em que a vida social realiza tarefas iguais, pois existem pessoas (os
povos primitivos, por exemplo) há a solidariedade
mecânica, já numa sociedade em que há diversas atividades (divisão do
trabalho) as pessoas praticam tarefas diferentes, é o caso da época industrial,
com uma solidariedade tipo orgânica.
EDUCAÇÃO
PARA A VIDA
É
num meio moral, onde há competição entre o individualismo diferenciado e a
consciência coletiva que a educação faz-se importante como educação moral. Esta
deve, acima de tudo, ensinar o homem a ser membro da sociedade e preservar a
solidariedade, evitar o individualismo em preservação à consciência coletiva, sustento
de uma sociedade qualquer. É necessário também deter a solidariedade mecânica,
individualista, para que a sociedade não entre em anomia, quer dizer, a falta de regras, o caos. Durkheim insiste em
dizer que não há apenas um tipo de educação universal, pelo contrário, cada
sociedade (cada meio social) deve ter sua educação adequada e o indivíduo deve
segui-la para depois ocupar seu lugar e preservá-lo, até mesmo da sua própria
diferenciação.
“A
educação é a ação exercida pelas gerações adultas sobre as gerações que não se
encontram ainda preparadas para a vida social; tem por objetivo suscitar e
desenvolver, na criança, certo número de estados físicos, intelectuais e
morais, reclamados pela sociedade crítica, no seu conjunto e pelo meio moral a
que a criança, particularmente, se destine”.
JaloNunes.
REFERÊNCIA
RODRIGUES,
Alberto Tosi. In: Sociologia da
Educação. 3. ed. Rio de Janeiro: DP & A, 2002.
Nenhum comentário:
Postar um comentário