BROCKELMAN,
Paul. Capítulo 2: A Nova Cosmologia. In: Cosmologia
e Criação: a importância espiritual da cosmologia contemporânea. (trad.
Milton Camargo Mota). São Paulo: Loyola, 2001, p. 55-80.
Autor
dos livros The Greening of Faith: God; The Environment, and the good life,
entre outros, Paul Brockelman é também professor de Filosofia e Estudos da
Religião, da University of New Hampshire. Reside em Durham, New Hampshire, nos
Estados Unidos da América.
Extraída de: www.cotacota.com.br |
Thomas
Berry, no seu livro The Dream of the Earth (O Sonho da Terra) nos alerta para a
necessidade de se criar uma nova história, que satisfaça, guie e eduque o mundo
de hoje, assim como a velha história satisfazia seu tempo e seus anseios; isso
para que a vida tenha sentido satisfatório. E Menas Kafatos e Robert Nadeau
dizem em seu livro The Conscious Universe (A Consciência do Universo) que o
senso do Cosmos está cada vez mais aceito como um todo significante último. É
apoiado em textos filosóficos como estes, citados anteriormente, que Paul
Brockelman nos mostra o surgimento de uma Nova Cosmologia, uma nova história de
todo o surgimento da natureza, que deve reorientar-nos e oferecer-nos um guia
para vivermos em nosso tempo. Uma Nova Cosmologia, e esta é uma Cosmologia que
reflete a vida do homem na terra.
Algo
de suma importância é o cenário onde surge esta nova cosmologia, a realidade,
pois o homem necessita de uma história da natureza para guiar seus próprios
passos. A questão é como será aceita e incorporada no conhecimento e na vida do
homem. Pois, como bem coloca Holmes Rolston, nossos valores são construídos a
partir de uma imagem que temos do universo.
São
tantas as descobertas científicas desde a Revolução Copernicana (a existência
de bilhões de galáxias e bilhões de sóis, o afastamento das galáxias, o que
indica a expansão do universo, a criação de tudo que se pensava ser de 8 ou 10
mil anos atrás, agora é mais comprovada para 12 ou 15 bilhões de anos atrás, a
idade da terra de 20 mil, hoje é fixada entre 5 e 6 bilhões de anos atrás, a
imensidão assombrosa do cosmos e a natureza da criação é de fluxo emergência),
descobertas como estas causam um choque profundo na cultura, podendo levar a
tremendas mudanças no meio moral e espiritual.
Os
propósitos e a conclusão do autor parecem ser, portanto, de nos mostrar e
incorporar-nos esta Nova Cosmologia, inclusive na vida do homem, visto que ela
irá melhor orientá-lo, mas também observar cuidadosamente os impactos que esta
nova história causará; para que ela não perturbe significativamente seus
credos, mas que o homem a incorpore e a use espontaneamente, já que lhe será
útil. Quer, então, mostrar a ideia de diversidade e essencialmente de novidade,
embasado em importantes teóricos e descobertas de grandes cientistas e
pesquisadores, usando um método histórico-indutivo, justamente porque mostra o
desenrolar da criação da vida, enfim da criação das coisas como um todo.
Steven
Hawking, importante colaborador das descobertas científicas (assim como tantos
outros), parece estar, igualmente Paul Brockelman, preocupado (quando busca uma
resposta no universo) com a melhoria da vida do homem, para que ele possa se
espelhar na natureza do universo, para poder dar sentido a sua existência. A
questão é que, uma nova teoria (aqui uma Nova Cosmologia) não é simplesmente
uma nova teoria, significa modificar toda uma tradição que já fora aceita pela
humanidade. O homem é realmente um ser aberto para o conhecimento, mas não é
uma máquina que aceita tudo o que lhe for inserido. O homem como ser de
sentimentos e até de apegos, precisa de uma teoria que lhe sustente na
imensidão do cosmos. Mas quando se vem com uma nova teoria, o que se faz com as
teorias anteriores? Que representam esforços, contendas e um processo de tempo
enorme para serem aceitas, sendo que, certas teorias de séculos atrás ainda
hoje não são credenciadas pelos menos esclarecidos. Na maioria das vezes até
mesmo os próprios cientistas passam toda a sua vida defendendo uma teoria errônea sem se dar conta, o que não – felizmente – foi o caso de Steven
Hawking, que desde que se tornou cientista, defende que os buracos negros, ao
absorverem corpos, os libera, apenas em forma de radiação (luz) e agora se deu
conta que estava errado todo esse tempo; pois, na verdade, os buracos negros,
ao absorverem corpos os libera em radiação, porém, cada feixe de radiação traz
consigo características dos respectivos corpos, antes de serem absorvidos.
Tomara que não seja mais um equívoco...!
Ao
que parece, antigas teorias servem apenas de base, intercâmbio para as novas
teorias. Por outro lado, uma teoria que só chega aos olhos e ouvidos dos mais
esclarecidos, é incompleta, no sentido único de ser compreendida e vivida. No
entanto, no sentido de engrandecer o conhecimento humano sobre a realidade, uma
teoria é plausível e de extrema importância para o desenvolvimento humano, já
que, antes de tudo engrandece o conhecimento e as conquistas do homem sobre o
espaço, refletindo no sucesso da sua vida. Porque foi através do tempo e do que
se descobriu sobre o todo, pois este está totalmente ligado às partes, que o
homem desenvolveu sua memória e sua percepção; podemos observar isto nos
escritos de Paul Brockelman.
Mas
será que o homem comum quer descobertas tão drásticas modificadoras? (no
sentido de praticamente querer anular o que se conhecia anteriormente sobre o
assunto em questão)... O que nos leva a fazer esta pergunta são as condições da
própria realidade. Sim, porque, enquanto o cientista busca descobrir questões
até pouco tempo impensáveis e a explorar realidades incertas e até sem provas da
existência de vidas, por outro lado, deixa de pensar e buscar mudanças, ou ao
menos formas e meios de se mudar (realmente), na vida de tantos homens e
mulheres que estão em condição de miserabilidade. Será que vale a pena gastar
tantos recursos na “conquista do espaço” extraterrestre e não cuidar do próprio
homem, na terra, na realidade miserável, vista e vivida a olho nu?
A
Ética, que regula a vida do homem, deve preocupar-se também com questões deste
tipo, uma vez que, uma Nova Cosmologia, significa querer modificar nossa visão
sobre o mundo (universo, natureza), o que influencia também – e principalmente
– o convívio entre os homens, isto é, uma nova perspectiva ética.
Porém,
por outra visão, esta Nova Cosmologia, diferentemente de outras teorias
científicas anteriores, entende a natureza como um processo vivo e orgânico; há
o abandono do Mecanicismo e retoma-se um pouco da compreensão Grega. Ao que
parece, esta Nova Cosmologia procura imprimir até mesmo a presença de Deus, que
já fora descartado de tantas outras teorias científicas, sobre a origem de
tudo. Nesta nova perspectiva, Deus é considerado uma força imanente à natureza
e harmoniosa, logo, até mesmo o Livro do Gênesis conquista algum respaldo. Por
fim, diferentemente de outros processos, a história religiosa faz parte desta
teoria, ora apresentada sinteticamente.
Imagem extraída de: www.youtube.com |
O
autor remonta desde 15 bilhões de anos atrás, com o Segundo 0 (zero) e a
Singularidade Infinita, até 15 bilhões de anos depois (“o agora”), com a
ciência vendo o todo na Nova Cosmologia. Sendo uma obra que aponta para o
interesse de todos que gostam de estudos Astronômicos; sobre a origem de tudo,
numa visão científica, mas também aberta à religião; enfim, para alunos de
graus superiores; para quem quer estar a par com as novas descobertas
científicas sobre o espaço; para alunos dos cursos de licenciatura em
Filosofia...
REFERÊNCIA
COMPLEMENTAR:
VENTURALI,
Thereza. Hawking diz: Hawking errou. Veja.
São Paulo: Abril, nº 30, p. 64-65, jul. 2014.
Nenhum comentário:
Postar um comentário