HUBERMAN, Leo. Capítulos 14 e 15:
De Onde Vem o Dinheiro?; Na Indústria, Agricultura, Transporte. In: História da Riqueza do Homem. (Tradução
Waltensir Dutra) 21 ed. São Paulo: TC Editora.
Capítulo 14: De Onde Vem o Dinheiro?
Dinheiro que é capital e dinheiro que não é.
O capital e os meios de produção.
Como os Impérios acumulam capital para a indústria
moderna.
Novas formas de produção, nova religião.
“O dinheiro só se torna capital quando é usado
para adquirir mercadorias ou trabalho com a finalidade de vendê-los novamente,
com lucro”. (p. 156)
“Quando o dinheiro é empregado num
empreendimento ou transação que dá (ou promete dar) lucro, esse dinheiro se
transforma em capital”. (p. 157)
“É a força de trabalho do operário que o
capitalista compra para vender com lucro, mas é evidente que o capitalista não
vende a força de trabalho de seu operário. O que ele realmente vende – e com
lucro – são as mercadorias que o trabalho do operário transformou de matérias
primas em produtos acabados”. (Idem)
“Antes da idade capitalista, o capital era
acumulado principalmente através do comércio – termo elástico, significando não
apenas a troca, mas incluindo também a conquista, pirataria, saque,
exploração”. (p. 158)
A maioria dos países anteriormente poderosos e
ricos havia conquistado seus tesouros a partir do uso da força e da exploração
sobre os nativos e/ou os menos desenvolvidos. Portanto, devastavam tudo para
encontrarem e acumularem recursos.
“Até os negros eram mercadoria muito boa na
Holanda, e que podiam ser facilmente obtidos na Costa da Guiné”. (p. 161)
O comércio, as conquistas, a pirataria, saque,
exploração, tudo isso e muito mais contribuiu para a acumulação de capital há
alguns séculos. Estas ações produziam lucros enormes e fantásticos e aumentava a
cada vez mais.
O texto deixa claro que: “o homem só trabalha
para outro quando é obrigado” (...), “pois quando os trabalhadores têm acesso
aos seus próprios meios de produção – no caso, a terra – não trabalham para
outra pessoa”. (p. 162)
·Uma vez que, enquanto os trabalhadores podiam
usar suas ferramentas para fabricarem por conta própria, eles atendiam as suas
necessidades e não se submetiam a outrem.
“Somente quando os trabalhadores não são donos
da terra e das ferramentas – somente quando foram separados desses meios de
produção – é que procuram trabalhar para outra pessoa”. (Idem)
Tornaram-se libertos dos Feudos, porém reféns
dos novos modos de produção e assim só podiam vender suas forças de trabalho.
“O trabalhador com terra tornou-se o trabalhador sem terra – pronto, portanto, a ir para a indústria como assalariado”. (p. 163)
“O movimento de arrendamento e fechamento das
terras fez com que os novos sem terra se sentissem irritados contra os senhores
que lhes roubavam o direito a terra e contra o governo que impunha medidas para
expulsa-los das terras (...), mas, não se pense que os donos de terra estavam
expulsando os camponeses para proporcionar uma força de trabalho à indústria.
(...) Estavam interessados apenas em arrancar maiores lucros da terra”. (p.
164)
“Do século XVI até princípios do século XIX, na
Inglaterra, o processo de privar o camponês da terra teve continuação (...) e
com isso, cidades e indústrias aumentam, por que mais pessoas irão à procura
delas. Em busca de lugares e emprego”. (165)
“O fechamento foi, portanto, uma das principais
formas de obter o necessário suprimento de mão-de-obra para a indústria”. (p.
166)
O próprio sistema fabril fez separar o
trabalhador dos meios de produção assim como já o havia separado da terra.
“Na competição entre trabalho mecanizado e
trabalho manual, a máquina tinha de vencer”. (Idem)
Na concorrência com a máquina o trabalhador
sempre saia perdendo, muitas vezes o artesão precisava vender seu tear e ir em
busca de emprego, seguindo a enorme fila daqueles que já haviam feito o mesmo.
“Desta forma começou a existir a classe trabalhadora, sem propriedades, que com
a acumulação do capital torna-se essencial ao capitalismo industrial” (p. 167).
“O mundo dominado pelos comerciantes,
fabricantes, banqueiros, exigiu um conjunto de preceitos religiosos diferentes
dos do mundo dominado pelos sacerdotes e guerreiros”. (p. 168). Neste sentido é
que a Igreja perdeu espaço e o protestantismo serviu perfeitamente as ambições
capitalistas.
“Tomemos por exemplo os puritanos. Enquanto os
legisladores católicos advertiam que o caminho da riqueza podia ser a estrada
do inferno, o puritano Baxter dizia a seus seguidores que se não aproveitassem
as oportunidades de fazer fortuna, não estariam servindo a Deus”. (Idem)
“Em suma, o caminho da riqueza, para quem o
deseja, é tão fácil como o caminho do mercado. Depende principalmente, de duas
palavras, indústria e frugalidade; ou seja, não desperdice
tempo nem dinheiro... aquele que, honestamente, ganha tudo o que pode, e poupa
tudo o que pode, certamente se tornará rico”. (p. 169)
“Quando o século XIX teve início, ‘economizar e
investir’ tornaram-se ao mesmo tempo o dever e o prazer de uma grande classe”.
(p. 170)
“A acumulação de capital, que veio do comércio primitivo, mais a existência de uma classe de trabalhadores sem propriedades, prenunciavam o início do capitalismo. O sistema fabril em si proporcionou a acumulação de uma riqueza ainda maior”. (Idem)
Capítulo 15: Na Indústria, Agricultura, Transporte.
A máquina a vapor.
O crescimento demográfico.
O novo tipo de vida no século XVIII.
A máquina a vapor, surgida (inventada) no século
de 1800, pelo Senhor Watt estava em uso em praticamente todas as minas,
fundições, cervejarias e usinas. O aparecimento desta e de outras máquinas a
vapor, fizeram do sistema fabril um sistema de larga escala, o que representou
um tremendo aumento da produção.
Também “esse aumento de produção foi em parte
provocado pelo capital, abrindo caminho na direção dos lucros. Abertura de
mercados das terras recém-descobertas foi uma causa importante desse aumento”
(p. 172).
Assim como a revolução da indústria, uma
revolução agrícola se espalhava por todo o continente europeu e as novas
técnicas permitiam manter o gado por menos tempo no pasto, sendo com maior
ganho de peso e conseqüentemente aumento do preço do produto. “Experiências
para melhorar a qualidade das raças também foram realizadas nessa época” (p.
173). Os próprios instrumentos de trabalho, as ferramentas usadas na
agricultura evoluíram bastante, tanto a revolução na indústria e na agricultura
foram seguidas pela revolução no mundo dos transportes.
Era necessário transporte barato e regular, foi,
portanto, “no século XVIII que tiveram início os melhoramentos na construção
das estradas, abertura de canais. A revolução dos transportes não só
possibilitou a ampliação do mercado interno em todas as direções, como também
possibilitou ao mercado mundial tornar-se igual ao mercado interno” (p. 174).
“A Semente que Semeais, Outro Colhe...”
A situação dos trabalhadores durante e depois da
revolução industrial do século XIX.
O regime fabril.
O trabalho das crianças.
A revolta contra as máquinas.
Os sindicatos e o voto.
Para desvendarmos o que se propõe esse capitulo
é necessário nos reportarmos a análise da Revolução Inglesa, onde ocorreu uma
verdadeira Revolução Industrial. Ocorreu “uma nova era na história em que um
comércio ativo e prospero tornou-se índice não de melhoramento da situação das
classes trabalhadoras, mas sim de sua pobreza e degradação” (p. 176).
Com a chegada das máquinas e do sistema fabril a
divisão entre ricos e pobres tornou-se ainda mais acentuada. Onde quem mais
sofreu foram os artesãos, devido a competição das mercadorias lançadas no
mercado e feitas pelas máquinas. “As
máquinas, que podiam ter tornado mais leve o trabalho, na realidade o fizeram
pior” (Idem). Os dias de trabalho
eram cada vez mais longos e divisão de turnos na diária em quase nada adiantou,
pois os turnos eram praticamente maiores do que a própria extensão natural.
"A dificuldade maior foi adaptar-se à disciplina
da fábrica” (p. 178). E os capitalistas davam mais valor a máquina do que ao
ser humano, pois esta primeira constituía um investimento, enquanto o segundo
era apenas força de trabalho comprada.
Os capitalistas buscavam o máximo da força de trabalho e o mínimo de pagamento, além disso, aproveitavam-se dos trabalhos fáceis e baratos das mulheres e crianças. Estas últimas passaram a constituir a base do novo sistema de produção. A vida dos operários agora era outra: “em fábricas, sob a direção de um supervisor cujo emprego dependia da produção que pudesse arrancar de seus pequenos corpos, com horários e condições estabelecidos pelo dono da fábrica, ansioso de lucros” (p. 180).
As indústrias mudaram-se para os locais mais
próximos das minas e ao se redor constituíram as cidades, como moradias
precárias e insalubres, verdadeiras favelas no mundo antigo. Mas, para muitos,
estar inserido naquele contexto de exploração ferrenha e desumana ainda constituía
um fator de privilegio, garantia-se ao menos a subsistência, por mais precária
que fosse.
“A Revolução Francesa foi um acontecimento
sangrento. Os ricos, na Inglaterra, não gostaram. Odiavam o pensamento de que a
horrível idéia francesa de ‘abaixo suas cabeças’ pudesse atravessar o canal e
ocorrer também aos pobres ingleses” (p. 183). A idéia de emancipar a pobres e
miseráveis nunca agradou a classe poderosa.
Quando os trabalhadores pediam redução de carga
horária, inúmeros eram os argumentos para não se reduzir, como por exemplo, que
isso reduzia também a liberdade natural do homem, inspirados, inclusive no
economista da época Adam Smith e sua defesa do Laissez-faire.
A máquina era, no entanto, o grande inimigo, que
roubava o trabalho dos homens e reduzia o valor de seu esforço, pois reduzia o
preço das mercadorias.
Os trabalhadores revoltados, partiram para a
revolução imatura e irracional, quebraram máquinas e destruíram fábricas e aí
os capitalistas e os burgueses, temerosos, recorrem ao Estado, e ele cumprindo
seu papel de comitê da burguesia, criou
leis (a partir do Parlamento) para punir quem atentasse contra a máquina e/ou
as fábricas. Era importante compreender que a máquina não era o mal por
excelência, mas também seu dono.
E os trabalhadores deram-se conta que precisavam
de representantes também no poder, para que pudessem ser defendidos e ouvidos.
Eis que veio a idéia do voto, de elegerem representantes e assim tomar certa
fatia do poder. A conquista do direito ao voto, representava a conquista de
estar mais perto do poder e assim ser capaz de também decidir.
O sindicato, que não era nenhuma novidade,
tornou-se mais organizado e forte, para junto com os trabalhadores, irem em
busca dos objetivos mais necessários e urgentes. Este evolui naturalmente, a
partir das associações de jornaleiros.
Finalmente, “a organização da
classe trabalhadora cresceu com o capitalismo, que produziu a classe, o
sentimento de classe e o meio físico de cooperação e comunicação. O
sindicalismo é mais forte nos países mais industrializados, onde o sistema
fabril levou ao desenvolvimento de grandes cidades” (p. 190). A esganação da
classe operária por parte dos burgueses e capitalistas, levou a incorporação de
buscar sempre a derrubada da classe exploradora em nome da firmação e da
autonomia.
JaloNunes.
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