Em que se retrai
um olhar
Rápido como um
açoiteMeu ser põe-se a desmoronar.
Ora, tudo ainda existe!
Algo sem matéria me toma
Minha reação não insiste
Nem meu comando retoma.
A porta abre-se
A brisa toca-me e eu sinto-me
O meu eu aconchega-se
E daquele envolvimento eu não livro-me.
A essência do meu eu se fecha
Meu olhar nada percebe,
Tento ouvir por uma fresta
Que a mente
ainda concebe.
Eu sinto-me como sou!
Envolto pelo Universo,
Em matéria estava, em essência estou
E com ela eu
converso.
Essa linguagem é exclusiva,
Ela é maravilhosa, pura,
É verdadeira,
não distorce, é concisa;
Liberta o eu,
amarra o eu, machuca e cura.Isso não é solidão!
Isso é viver, ao menos um segundo
Ouvindo a essência, a mente, o coração
Sentindo-me protegido da agressividade do Mundo.
Não estou dormindo!
Estou renovando-me como ser humano,
Ainda estou descobrindo,
Aperfeiçoando-me e pela essência falando.
Que tal tocar meus pés no chão?
Sentir o que me sustenta!
E levantar minhas mãos?
Agradecer e ouvir o que me alimenta!
Agora, tudo está a se transformar!
Alguém me chama. Estou a dormitar?
Ouço o som de um Coro!
Céus! Como pude transmigrar?
Como pude
transcender?
Nada me ofende,
me faz maltratar,
Coage-me, me
distorce, me faz sofrer!Acompanha-me a saudade,
A lembrança, a
satisfação,
Mas agora vivo
na verdade!Serviu-me a bondade, me serviu a contemplação.
JaloNunes.
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