DESCANSO PARA LOUCURA: Poesia - Morrer

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quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Poesia - Morrer

Na noite
Em que se retrai um olhar
Rápido como um açoite
Meu ser põe-se a desmoronar.

Ora, tudo ainda existe!
Algo sem matéria me toma
Minha reação não insiste
Nem meu comando retoma.

A porta abre-se
A brisa toca-me e eu sinto-me
O meu eu aconchega-se
E daquele envolvimento eu não livro-me.

A essência do meu eu se fecha
Meu olhar nada percebe,
Tento ouvir por uma fresta
Que a mente ainda concebe.

Eu sinto-me como sou!
Envolto pelo Universo,
Em matéria estava, em essência estou
E com ela eu converso.

Essa linguagem é exclusiva,
Ela é maravilhosa, pura,
É verdadeira, não distorce, é concisa;
Liberta o eu, amarra o eu, machuca e cura.

Isso não é solidão!
Isso é viver, ao menos um segundo
Ouvindo a essência, a mente, o coração
Sentindo-me protegido da agressividade do Mundo.

Não estou dormindo!
Estou renovando-me como ser humano,
Ainda estou descobrindo,
Aperfeiçoando-me e pela essência falando.

Que tal tocar meus pés no chão?
Sentir o que me sustenta!
E levantar minhas mãos?
Agradecer e ouvir o que me alimenta!

Agora, tudo está a se transformar!
Ouço sussurros, desesperos. Choro?
Alguém me chama. Estou a dormitar?
Ouço o som de um Coro!

Céus! Como pude transmigrar?
Como pude transcender?
Nada me ofende, me faz maltratar,
Coage-me, me distorce, me faz sofrer!

Acompanha-me a saudade,
A lembrança, a satisfação,
Mas agora vivo na verdade!
Serviu-me a bondade, me serviu a contemplação.
JaloNunes.

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